A associação de moradores do bairro onde o acidente ocorreu diz que o prédio já havia sido interditado por questão de segurança.
Nove mulheres morreram e mais de cem pessoas ficam feridas no desabamento do teto da igreja Renascer em Cristo. Os bombeiros interromperam os trabalhos de resgate às vítimas depois que Lázaro Luís, de 45 anos, foi encontrado pela família; ele não estava no templo na hora do acidente, como se acreditava.
O trabalho dos bombeiros e as vistorias da Defesa Civil foram acompanhados pelo olhar triste dos moradores da região. Alguns deles lembraram a agonia de uma noite de caos. “Eu ajudei a tirar gente na maca… Infelizmente, a primeira pessoa que eu vi e fui tentar ajudar já estava morta”, lembra o comerciante Mauro Albuquerque.
Eram 18h55 quando o acidente aconteceu, no intervalo entre dois cultos. Segundo o Corpo de Bombeiros, havia cerca de 500 pessoas na igreja quanto o teto caiu. Em poucos segundos, o templo virou um monte de escombros. “Não conseguimos ver nada, tinha muita poeira. Graças a Deus, conseguimos sair, com os nossos filhos”, contou a professora Solange Costa.
Vizinhos começaram a socorrer os feridos antes da chegada de socorro. Durante toda a noite, voluntários ajudaram os bombeiros e a Defesa Civil a remover os escombros.
As paredes laterais do templo ainda estão de pé, mas ameaçam cair. Por isso, uma loja e um prédio vizinhos e outras seis casas nos fundos da igreja foram interditados. Os imóveis só serão liberados após vistoria de engenheiros.
“Estava tudo em ordem, aprovado pelo Contru, tudo direitinho. Aliás, o Contru sempre foi muito exigente, e eles estão certos disso. E nós tínhamos tudo certinho”, afirmou o presidente da igreja Renascer em Cristo, Geraldo Tenuta.
Para a associação de moradores do bairro, essa foi uma tragédia anunciada. A preocupação com a segurança do prédio é antiga: há dez anos, ele foi interditado exatamente porque a estrutura do telhado ameaçava desabar.
A vice-presidente da associação, Ana Cláudia Cavalcante disse que uma viga podre retirada do prédio, que foi um cinema na década de 50, motivou a interdição na época. “Nós conversamos com o Ministério Público, que atuou nesse problema e fechou a igreja, pedindo uma reforma. Isso há dez anos”, disse.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o secretário de Segurança Publica, Ronaldo Mazargão, deram uma entrevista coletiva. Mazargão disse que um engenheiro atestou que a obra do prédio estava legal e expediu um alvará em 15 de julho de 2008.
A tragédia poderia ter sido maior se o desabamento tivesse acontecido na hora de um dos cultos, e não num intervalo.
Fonte: G1