Em menos de uma semana, o cristão Yousef Nadarkhani
enfrentará novo julgamento no Irã.
Marcado para o dia 8 de setembro, a corte deve recebê-lo
após mais de 1.060 dias em que ele esteve na prisão por nenhuma outra razão se
não sua fé em Jesus Cristo – uma prisão que viola a própria Constituição
iraniana.
Em sua convocação mais recente aos tribunais iranianos, o
pastor Yousef Nadarkhani, 35 anos, foi intimado a comparecer à corte para
enfrentar as “acusações feitas contra ele”.
A referência evasiva à acusação de apostasia de Nadarkhani,
questionada internacionalmente, é recebida com “nenhuma surpresa” por Jordan
Sekulow, conselheiro executivo do American Center for Law and Justice, ACLJ,
que acompanha o caso desde o início.
“O Irã tem tentado repetidamente confundir a comunidade
internacional, alegando que o pastor Yousef não é nada mais do que um criminoso
comum. O que acontece é que se o Irã tiver sucesso mascarando o caso de Yousef,
o mundo vai parar de gritar por sua libertação”, disse Sekulow ao The Christian
Post via e-mail, no dia 16 de agosto.
“Depois que conseguimos tornar público o veredito de
tribunais tradicionalmente secretos, no qual o pastor Yousef foi julgado e
condenado apenas por ter se convertido ao cristianismo, o Irã teve de voltar
atrás em suas mentiras”, acrescentou.
Na intimação judicial, Nadarkhani é convocado a comparecer à
audiência de 8 de setembro, às 9h, horário local.
O pastor que, inicialmente recebeu uma sentença de execução
sob a acusação de apostasia, permaneceu na prisão por 1.060 dias, situação que,
de acordo com o ACLJ, viola a própria Constituição iraniana.
“A detenção indefinida e arbitrária do pastor Yousef, por
quase três anos, viola o artigo 9º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos, do qual o Irã é obrigado a seguir”, disse Sekulow ao CP.
“As próprias leis do Irã exigem que o Judiciário emita sua
decisão por escrito no prazo de dez dias após a audiência, realizada em
setembro de 2011. Sua incapacidade de fazê-lo significa o seu total desrespeito
ao Estado de Direito”, continuou Sekulow. ”O Irã também parece ignorar que o
caso de Yousef tenha causado grande dano à reputação do Islã e às relações
entre as nações e pessoas de fé em todo o mundo”, concluiu.
Como tudo aconteceu
Yousef Nadarkhani foi preso em outubro de 2009, acusado de
apostasia e propagação do evangelho a muçulmanos.
Em setembro de 2011, a agência iraniana de notícias semi-oficial,
Fars News, informou que Nadarkhani foi a julgamento por acusações de estupro,
extorsão e sionismo.
Documentos do tribunal que vazaram dias depois esclareceram
que Nadarkhani foi, de fato, julgado por apostasia; críticos suspeitam que o
relatório falho da Fars News não passa de uma tentativa de aliviar a pressão
internacional sobre as acusações baseadas na fé e religião de Nadarkhani.
Países, incluindo Grã-Bretanha, Estados Unidos e Brasil, têm
se pronunciado a favor da libertação de Nadarkhani.
Embora a intimação judicial mais recente implique na
possibilidade de a acusação contra Nadarkhani sobre apostasia ser descartada,
Sekulow disse ao CP que não conta com isso.
“Nós não temos nenhuma informação de que o governo absolveu
o pastor Yousef da acusação de apostasia, para a qual ele foi condenado à
morte. O regime iraniano tem sido repetidamente desonesto no passado. Até
vermos Yousef andando livremente, não podemos confiar em nada do que dizem”,
ressaltou.
Nadarkhani continua na prisão, aguardando a data decidida
pela corte; enquanto sua esposa, Fatema Pasindedih, e seus dois filhos, esperam
por melhores notícias.
Após passar por prisões em 2006 e 2009, o pastor Yousef foi
preso em junho de 2010 sob a acusação de apostasia, liderar igrejas domésticas
e proselitismo a muçulmanos. Em setembro do mesmo ano foi condenado por um
tribunal regional à morte por enforcamento. Por causa da pressão internacional,
a sentença ainda não foi colocada em prática. O Jornal Nacional chegou a
repercutir o caso.
Veja reportagem feita pelo Jornal Nacional:
Verdade Gospel