Eleições 2008: Lacerda e Quintão elevam tom das críticas

O horário eleitoral gratuito nem começou, mas a disputa entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte fica mais acirrada a cada dia. 

Ontem, durante visita à Vila do Índio, no Bairro Santa Mônica, na Região Norte da capital, o candidato do PSB, Márcio Lacerda, subiu o tom das críticas ao seu adversário, o peemedebista Leonardo Quintão. Para Lacerda, a cidade “corre o risco de ter em sua gestão um grupo que pratica o fisiologismo como religião”.

“É um grupo que pratica uma política velha, de paternalismo, de trazer as pessoas humildes por um cabresto de dependência baseado no caciquismo. Nós não vamos permitir isso”, criticou Lacerda, que andou pelas ruas da vila acompanhado de seu candidato a vice-prefeito, o deputado estadual Roberto Carvalho (PT).

Lacerda também não poupou críticas ao fato de Quintão ser evangélico e de seu candidato a vice-prefeito, deputado estadual Eros Biondini (PHS), ser católico carismático. Segundo ele, Quintão usa a religião como meio de obter votos. “A população não pode permitir que a religião se misture com a gestão da cidade, de um estado e de um país. As religiões, mesmo as facções mais radicais, são necessárias para a vida espiritual, para a vida comunitária, mas não podem se transformar em instrumento para a conquista do poder leigo, do poder de gestão das cidades. Essa mistura não pode acontecer.”

Lacerda disse ainda que sua campanha não pretende mover uma “guerra santa” contra o adversário, e sim uma “guerra civilizada”. “Para mostrar à população quem é o meu adversário e quem são os seus apoiadores.” O candidato do PSB disse não temer uma onda de rejeição em função dos ataques desferidos aos adversários. Segundo ele, existem “ataques e ataques”. “E isso não é ataque. Isso é disputa eleitoral democrática.”

Propostas Leonardo Quintão disse que não pretende rebater as críticas e que a intenção é manter uma linha de discussão de propostas. “Quem sair desse rumo vai perder muitos votos”, rebateu o candidato do PMDB. “Mas espero que no Brasil não haja perseguição religiosa. O adversário está indo para um rumo muito perigoso. Ele é quem não deve usar a religião para ter votos. Ninguém nunca me ouviu mencionar de qual credo ou religião eu participo”, disse Quintão.

O candidato fez campanha ontem de manhã no Barreiro, região que tem o maior colégio eleitoral da cidade e onde o peemedebista obteve mais votos. “Acho bom perguntar ao candidato se ele tem alguma discriminação contra católicos, evangélicos ou espíritas. Da minha parte, nunca usei isso. Essa não é uma boa estratégia”, completou Quintão.

Apesar de dizer que não pretende rebater as críticas, Quintão ironizou o pedido de Lacerda para aumentar de R$ 14 milhões para R$ 19,5 milhões o teto para os gastos da campanha. “Vou mandar reduzir R$ 5 milhões dos meus gastos e passar para o candidato, porque a minha campanha não precisa de muito dinheiro. Sou eu na televisão falando para as pessoas e a turma voluntariada que está do meu lado. Não tem quase ninguém contatado”, alfinetou.

Ele disse que não pretende perder tempo no horário eleitoral gratuito rebatendo as críticas e que a tática é ficar “caladinho”. Sobre os e-mails com críticas a ele e a seu pai, o prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão (PR), que perdeu a reeleição para o candidato do PT, Chico Ferramenta, o candidato disse que ainda não recebeu nenhum.

“Mas quem quiser saber mais sobre mim não precisa ficar lendo esses e-mails. Basta colocar meu nome na internet que vai ver tudo a meu respeito. Se digitar o nome do outro candidato também vai ver tudo sobre ele. E se adicionar outros nomes da campanha, também verá coisas muito interessantes.”

Fonte: Uai