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Enoch Adeboye, o “pastor Coca-Cola”, chega ao Brasil

Enoch Adeboye foi considerado o Pastor Coca-Cola pela seguinte declaração: "Se a Coca-Cola pode, nós podemos". Ele usa esta frase para provar que o evangelho, assim como o refrigerante, pode chegar a todos os lugares do mundo. Enoch Adeboye transformou uma Igreja nigeriana em potência global da fé. Agora ele tem uma nova meta: salvar a alma dos brasileiros.
Nos anos 80, a igreja evanlica Redeemed Christian Church of God começou a arrebanhar fiéis fora da terra natal, a Nigéria. Liderada pelo pastor Enoch Adeboye, um doutor em matemática, a expansão se provou um sucesso: multiplicou os então 40 templos da Igreja para mais de 5 mil, hoje espalhados por 117 países. Também fez explodir para 5 milhões o número de seguidores da Igreja na própria Nigéria, segundo estimativas recentes – um feito comparável ao do bispo brasileiro Edir Macedo por aqui, com a Igreja Universal do Reino de Deus. Graças a essa trajetória, Adeboye foi eleito recentemente uma das 50 pessoas mais influentes do mundo pela revista americana Newsweek. Mas ele quer mais: formar um seguidor de sua Igreja em cada casa do mundo. "Se a CocaCola pode, nós podemos", diz. Para isso, criou um império na Nigéria, com canal de televisão, produtora de filmes, escolas

e universidade. E passou a enviar fiéis a países como o Brasil. Aqui, missionários já  começam a erguer templos da Igreja de Deus dos Cristãos Redimidos – como foi batizada em português – em 8 cidades, como Brasília e Uberlândia. "Vamos cobrir o Brasil de templos", disse Adeboye à SUPER, da sede européia da Igreja, em Borehamwood, ao norte de Londres.

Confira a entrevista exclusiva concedida a Revista Super Interessante: 

Por que Igrejas pentecostais e neo-pentecostais como a sua crescem tanto?
Crescemos porque somos diferentes das outras correntes cristãs. Enquanto elas se preocupam com o que vai acontecer quando morrermos, nós valorizamos o presente. Ou seja: se Deus promete a você uma mansão no parso, acreditamos que ele pode, pelo menos, lhe dar um apartamento de dois quartos hoje. Por isso o pentecostalismo tem apelo.
Alguns cticos dizem que o sucesso vem do foco na prosperidade financeira.
Esse não é o motivo do crescimento da nossa Igreja. Nosso objetivo é a prosperidade da alma, que está ligada à saúde e às condições de vida de cada um. Deus vai se encarregar de garantir essa prosperidade da alma se os fiéis viverem em santidade.
O que explica, então, o crescimento dessas Igrejas nos países em desenvolvimento, onde muita gente é carente de recursos materiais?
Sim, e a explicação disso é que não ficamos só na teoria. Em pses pobres, como a própria Nigéria, os hospitais não têm médicos. Quando têm, faltam remédios. E, se há remédios, os doentes não possuem dinheiro para comprá-los. Mas existe a possibilidade de Deus o curar. Como muitas pessoas não têm condições de pagar por coisas essenciais, elas decidem recorrer a Deus, que pode dar tudo de graça. Já nos países desenvolvidos, a tendência é confiar mais na tecnologia do que na religião. Só se fala em cirurgias a laser e transplantes. As pessoas desses países acham que têm tudo de que necessitam, e acabam esquecendo que há limites para a tecnologia.
Sua Igreja prega que a oração pode curar doenças, até mesmo AIDS. Isso não é exagero?
Pense no seu carro. Se uma peça dele quebrar, você pode pedir uma nova ao fabricante e trocá-la. É a mesma coisa com Deus: ele tem um grande armazém com peças para substituir as nossas. E os médicos são os mecânicos. Numa oficina, mecânicos podem consertar um carburador – mas, se o carburador não tiver conserto, eles não podem fazer nada. Só o fabricante pode colocar um carburador novo. Ocasionalmente Deus vai usar os médicos – as mãos e o conhecimento deles – para fazer coisas pequenas. Mas, quando os médicos chegam a seu limite, Deus entra em cena. Para ter cura, porém, é necessário obedecer a Deus. E isso vale para qualquer doença. Já vi pessoas curadas de AIDS, inclusive.
Como?
Por meio de orações. Médicos não podem fazer muita coisa por uma pessoa com AIDS.
Antes de entrar para a Igreja, você era professor de matemática. Ou seja, um homem das ciências. Porque essa mudança de área?
Por muitas vezes a matemática e o cristianismo parecem andar em linhas paralelas. Mas Deus, quando quer fazer algo, cruza todas as linhas. E eu descobri que poderia usar a matemática na religião. Geralmente as pessoas acham difícil entender o cristianismo, porque ele é explicado de um jeito confuso. No entanto, graças à minha experiência com matemática, acredito que estou preparado para transformar tudo sobre o cristianismo em várias equações simples.
Algum episódio motivou a mudança?
Sim. Quando uma das minhas filhas ficou doente, os médicos disseram que não poderiam fazer nada para curá-la. Nenhuma das fórmulas que eu tinha aprendido em matemática ajudaria a resolver o problema. Até que uma pessoa me convidou para ir à Igreja. Entreguei minha vida a Jesus e, milagrosamente, minha filha ficou boa. Foi aí que descobri que o meu orgulho como um cientista matemático era uma barreira que me impedia de receber ajuda da religião. Deixei meu orgulho de lado. E Deus realizou pra mim aquilo que a ciência não conseguiu.
Foi sob a sua liderança que a Igreja começou a expansão internacional. Como isso aconteceu?
O crescimento estava previsto desde a fundação da Igreja, na década de 1950. Era uma promessa que Deus tinha feito ao fundador. Mas, quando assumi a direção, só tínhamos templos na Nigéria. Então decidi concretizar a promessa de Deus. E comecei por países onde havia imigrantes nigerianos. Segui um princípio da matemática: iniciar pelo conhecido para chegar ao desconhecido. Depois disso, fomos para outros países, como China, Malásia e Indonésia. Nesses lugares, missionários nigerianos convidaram pessoas de seus círculos sociais para a Igreja. Conseguimos uma expansão tão rápida que às vezes nem eu mesmo consigo acompanhar.
Existe uma meta para o crescimento?
Se a Coca-Cola diz que, por volta de 2020, haverá ao menos uma pessoa em cada família tomando Coca-Cola, nós também podemos dizer que haverá um cristão da nossa Igreja em cada casa do mundo.
O Brasil tem a maior população pentecostal do mundo. Quais os planos para o país?
Há cerca de 3 anos um missionário nosso começou a trabalhar no Brasil. Ele era meu secretário, mas um dia disse que acreditava que Deus o estava chamando para ir ao Brasil. Já começamos a organizar alguns cultos em algumas cidades, como Brasília. Acreditamos que há muito potencial no país para expandir, porque sei que o trabalho das Igrejas pentecostais lá tem tido muito resultado. Ainda não estive no ps, mas, pelo que ele conta, a Igreja está começando a crescer. Só estou esperando o trabalho ficar mais consolidado
para fazer uma visita. Sei que vamos cobrir toda a nação do Brasil com templos.
A sua Igreja, de origem nigeriana, tem fiéis hoje na Europa e nos EUA. É o inverso do que aconteceu historicamente, já que missionários europeus e americanos difundiam a sua na África. Por que essa mudança de direção?
Isso tem a ver com o que chamo de lei da colheita: você colhe o que semeou. Quando eles trouxeram o evangelho para nós, estavam semeando. Os africanos seguiram o que eles tinham ensinado. Mas agora, infelizmente, quando olhamos para o que está acontecendo no mundo desenvolvido, vemos que não tem nada a ver com o que foi ensinado pelos missionários. Eles nos orientaram a viver em santidade e nos sacrificar para servir a Deus. Mas, agora, as igrejas nesses países estão vazias. Eles não estão servindo a Deus. E nós acreditamos que devemos a eles essa volta, para dizer "Isso é o que vocês nos deram. Caso tenham esquecido, estamos lembrando vocês".
Como a expansão é financiada?
Com a ajuda de membros da Igreja. Todos têm de pagar o dízimo se forem verdadeiros filhos de Deus. Depois que pagam o dízimo, eles podem fazer mais ofertas. Deus gosta de quem doa com alegria. O que nós fazemos é falar das necessidades da Igreja e da nossa inteão de divulgar o evangelho pelo mundo. Para aqueles que têm interesse em ajudar, e que farão isso alegremente, nós pedimos. Quem não se sente bem doando não deve doar.
A sua Igreja tem um complexo de mídia. Os meios de comunicação também são uma forma de impulsionar a expansão?
Sim. Nem todo mundo vai à igreja. Mas todos precisam receber as mensagens. Seja pela televisão, seja por outro meio, alguém que você nunca viu pode ouvir os preceitos em casa, o que ajudará essa pessoa a se ligar a Deus. Escutar a pregação faz com que a mensagem seja recebida de uma forma diferente.
Na Nigéria, as Igrejas sofrem com um problema comum no Brasil: pastores suspeitos de corrupção.
Precisamos explicar aos pastores que praticar fraude para conseguir riqueza é algo condenado por Deus. E a consequência é grave: morte prematura. Pensando nisso, por que acumular dinheiro e ainda de um jeito condenável se você não vai poder aproveitar? Se você usa dinheiro conquistado por meios fraudulentos para comprar um carro, por exemplo, você vai descobrir um dia que o carro é um caixão ambulante. Você vai ter um acidente. Se você quiser trapacear para adquirir riqueza, vai ser difícil contar com Deus quando tiver um problema.
Você é famoso por fazer profecias. Tem alguma para os brasileiros?
Quando Deus me dá palavras de profecia, é para a Nigéria e para o mundo como um todo. Agora que você me perguntou, vou pedir algo sobre o Brasil na próxima vez que orar para Deus.

Fonte: Gospelminas.com

Thalles Brandão

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