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Expansão do “Reino de Deus” ou formação de impérios?

Igrejas têm montado verdadeiros impérios, mas a qual custo e motivação? O crescimento desordenado assusta. Pessoas têm sido opressas por líderes nessa obsessão pelo crescimento


Temos visto atualmente uma busca desesperada pela “expansão do Reino de Deus”, um crescimento desordenado e assustador. Há igrejas em busca da “excelência” em nome de quem? São verdadeiros impérios criados para massagear o ego de seus fundadores? Ou para competir com a “igreja rival”? Ou realmente é a luta pela expansão do Reino de Deus nesta terra?

São questionamentos que estão ‘martelando’ a minha mente por algum tempo. Até sei as respostas, mas formem suas opiniões, porque estou cansado da massa de manobra política que adentra as portas das igrejas e dos formadores de opiniões que, por escreverem ‘frases de efeito’, se acham no direito de ser A VERDADE ABSOLUTA.

Não sou cristão de berço, mas nasci para o Evangelho de Cristo dentro da ala pentecostal, e não nego as minhas raízes. Simplifico, manifestação de poder do Espírito Santo + Palavra de Deus = Pentecostal; o que fugir disso para mim são estórias, porém isso é uma questão a ser discutida um outro dia.

O reverendo da Igreja Presbiteriana do Brasil, Hernandes Dias Lopes, deu uma opinião interessante sobre esse assunto à Revista Igreja: “Encaro com alegria o crescimento de outras igrejas no Brasil, como a igreja Pentecostal. O que também me preocupa são os caminhos que alguns tomam. Alguns pontos importantes do CRISTIANISMO são deixados de lado em certas denominações, o que é preocupante nos dias de hoje. Nosso apelo é para que haja uma retomada às nossas bases, através da Palavra e fortifiquem-se no Espírito Santo”. Dias Lopes completou ainda: “É preciso que a igreja não se perca e retorne aos fundamentos. A única esperança da igreja brasileira é o resgate de valores. Mídia e status são coisas que não podem permanecer em primeiro plano, bem como a liberação de tudo que é mundano. A única solução para toda e qualquer igreja está no foco exclusivamente em Deus”.

De acordo com o blog Amenidades da Cristandade, a cantora Ana Paula Valadão disparou contra a ‘Teologia da moda’… a tal Teologia da Prosperidade: “Eu estou cansada de colocar em programas evangélicos, e trocar de canal, por ver nesses programas, pessoas falando: Quando eu não era evangélico eu não tinha nada, hoje eu tenho duas casas, não sei quantas empresas… Até quando as pessoas vão querer viver este evangelho fácil? Será que as pessoas não vão se cansar disso? Não vão se voltar para Deus?”

Ainda segundo o blog, Ana Paula Valadão sempre se mostrou contra e indignada a teologia da prosperidade. Há um tempo atrás, a cantora, em seu programa que é transmitido para todo o Brasil, chegou a alfinetar grupos que fazem CDs só falando de bençãos. A cantora disse que existem grupos que fazem músicas já na intenção de venderem CDs, e de tocarem nas rádios.

No ano de 2005, de tão indignada, Ana Paula lançou o CD e DVD “Ainda existe uma cruz”, o oitavo CD da série Diante do Trono, como ela mesmo disse, uma loucura, indo na contra-mão do mercado fonográfico evangélico.

Não estou aqui para defender Hernandes Dias Lopes ou Ana Paula Valadão, mas a ideia transmitida nessas frases expressam o que está acontecendo na ‘avivada’ igreja tupiniquim.

O escritor John Bevere relatou que a igreja brasileira está morna e vive um falso crescimento do avivamento. Não poderia ser diferente, pois hoje se mede avivamento pelo IMPÉRIO que as igrejas constroem.

Temos igrejas cheias, mas pessoas desviadas dentro delas, isso mesmo… pessoas vivendo uma realidade totalmente distante do Evangelho, mas alvoroçadas em busca da tão ministrada e sonhada milionária PROSPERIDADE. Façam-me um favor, falem da mensagem da cruz – também estou de ‘saco cheio’ de tantas baboseiras.

Sou novo, um bebê no Evangelho, mas hoje vejo homens que até começaram certo, tementes a Deus, mas em algum momento foram sugados pela teologia da prosperidade e se perderam na caminhada.

Atualmente, se usa do poder dos meios de comunicação para justificar o injustificável. O enriquecimento bate a porta. De todos? Não, somente dos donos da retórica. E o que acontece? Aqueles que não alcançam a milionária prosperidade ficam frustrados, achando que Deus nãos os ama ou que está em pecado; ficam opressos, tristes e deixam de viver pela graça.

Vamos acordar, prosperidade é:

– alcançar a salvação;
– viver pela graça;
– estar no centro da vontade de Deus;
– ter uma família equilibrada;
– ser usado com eficácia na obra de Deus;
– ah! completem a lista…

Ovelhas: lembram-se delas?

O púlpito, as telas da TV e por aí vai têm virado ringue para os profissionais da fé se ‘esmurrarem verbalmente’, enquanto isso, as ovelhas (lembram-se delas?) estão opressas, doentes, precisando de cuidados e de atenção, mas os profissionais da fé estão se preocupando com seus próprios interesses.

Os incentivos destes às ovelhas, trocando em miúdos, são: “Vá, cresça, trabalhe até entrar no ativismo, mas a obra precisa de você. Pecou, vai para o inferno! Não vá para outra igreja senão a sua vida espiritual vai travar, só nesta igreja você encontrará a salvação, bla bla bla bla”.

Um amigo meu, que me ajudou bastante no começo da minha conversão, me disse que não quer saber mais de ir à igreja. Para ele, as igrejas tornaram-se uma empresa, por isso prefere manter-se bem distante delas. Fico triste, pois sei da importância de ir à igreja, de fazer parte do corpo, mas também não posso condená-lo porque o corpo está muito doente, sem rumo.

Poxa vida, meu Mestre disse que no mundo teremos aflições, mas me faltou discernimento para entender que parte dessas aflições viriam daqueles que deveriam nos ajudar a caminhar no Evangelho.

“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?
3 Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
4 As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza”. Ezequiel 34:1-4


O que me resta, criticar? Não, orar pela misericórdia, pois não serei eu quem fará o papel do acusador – afinal sou apenas um homem pecador que precisa da graça.

Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
conteudo@ogalileo.com.br


Fonte: O Galileo

Thalles Brandão

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