No Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão, médicos fazem alerta.
No dia 15 de maio, um bebê de 5 meses deu entrada no Hospital de Pronto- Socorro João XXIII (HPS) levado com desespero pela mãe. Ele havia sido espancado pelo pai. Desempregado e sob efeito de drogas, ele bateu na criança até lhe causar um afundamento no crânio. Ontem, o bebê deixou o CTI e está se recuperando na ala pediátrica. O pai, que já teria espancado outro filho de 2 anos, foi preso em flagrante após denúncia feita pela própria mulher.
Hoje é Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão e médicos aproveitam a data para alertar para a importância da denúncia. Somente até abril deste ano, 377 crianças foram atendidas no HPS após sofrerem violência sexual, espancamentos, serem atingidas por objetos cortantes e até mesmo por arma de fogo. Ou seja, só no hospital foram atendidas uma média de três crianças agredidas por dia.
A história que mais se repete é a agressão física, seja pelos próprios pais, parentes, colegas adultos ou pessoas desconhecidas. Já foram registrados 149 casos até abril deste ano.
Especialistas se perguntam qual trauma vai ficar nessas crianças, além das marcas físicas. “Uma criança que sofre uma agressão, quando vira pai ou mãe, acaba agredindo também. Aí existe uma tendência de aumento nos casos”, afirmou a assistente social do HPS, Flávia Pereira Barbosa.
“Nossa preocupação é que esses números aumentem. Temos percebido que a agressão física, principalmente, tem ocorrido no lar e também fora de casa”, afirmou Flávia Pereira.
Segundo ela, toda a sociedade precisa se mobilizar para denunciar qualquer tipo de caso, seja o vizinho, os parentes e até mesmo os profissionais de saúde que atendem a criança quando ela chega até o hospital.
Essa atitude já foi tomada pelo assistente social Darlan Pereira da Silva. Ele contou que atendeu um outro bebê de 5 meses que havia sido agredido pelos pais. “Os avós trouxeram a criança e nós acabamos fazendo a denúncia. O delegado veio até aqui com o médico legista para constatar o espancamento e os pais acabaram perdendo a guarda do bebê”, lembrou.
Identificar uma criança que tenha sofrido algum tipo de abuso é possível. De acordo com o pediatra Antônio de Pádua Mesquita Neto, o menor fica anti-social, tem medo que qualquer pessoa chegue perto, fala muito pouco e não conta histórias da família.
Fonte: O Tempo