Lançado no Brasil livro do americano Henry Kelly que faz uma verdadeira dissecação da figura de Satanás, com base na teologia, história e sociologia da religião. Satanás vai se tornar mais conhecido. Pelo menos, esta é a proposta do escritor americano Henry Ansgar Kelly, autor de Alvorada nas trevas, genealogia da escuridão – Satã: uma biografia, lançado no Brasil pela Editora Globo.
Professor emérito de literatura inglesa e especialista em cultura medieval, Kelly já escreveu outros livros sobre o príncipe das trevas, e anuncia que este é para quem deseja “levar o demônio a sério”. Calma, não se trata de satanismo – a proposta é dar um mergulho na teologia, na história e na sociologia para lançar luz – se é que isso é possível – sobre a figura do capeta. A primeira parte da aventura teórica empreendida por Kelly é contra o que chama de confusão entre Satã e a história do anjo caído, o tal Lúcifer (nome, aliás, não citado na Bíblia). Por outro lado, o autor explica de onde veio a idéia de que o tinhoso tem chifres, porta um tridente e usa roupas vermelhas. Segundo ele, essa imagem é oriunda de diversas tradições que foram sendo incorporadas ao cristianismo popular. Para Henry Kelly,
Satanás é antes de tudo buscado como um personagem múltiplo, que aparece nas penas de vários narradores com diferentes funções dramáticas. A primeira delas como adjetivo. O termo deveria vir com artigo definido antes: “um satã”, ao pé da letra, é “um oponente”. Assim, pode ser um anjo enviado por Deus (como o que se digladia com Abraão), um ente permitido por Deus (como o que tortura Jó), ou mesmo um ser dotado de papel de acusador nos julgamentos celestes. O importante é que, sinteticamente, ele assume o papel de “testador e acusador de toda a humanidade”.
E atenção: segundo o escritor, Satã e a serpente do Éden não são a mesma criatura. No capítulo 8 de seu livro, Kelly afirma que foi Justino, o Mártir, o primeiro a fazer a associação entre os dois personagens, mas sem explicá-la. O pesquisador começa então uma verdadeira peregrinação por doutores da Igreja em busca de debates para a motivação para esse lugar do diabo. Da serpente tentadora ao Anticristo que se oporá a Jesus no fim dos tempos, segundo o Apocalipse, essa criatura terá inveja dos homens porque estes, ao contrário dele, foram criados “à imagem e semelhança de Deus”, conforme o Gênesis. O autor vai além, e sugere – teologicamente, claro – que Satã, na verdade, agiria como um psicopata, com motivações interiores não muito bem explicadas.
Fonte: Cristianismo Hoje