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O apocalipse bíblico em duas produções cinematográficas

Durante a Guerra Fria, a visão do apocalipse no cinema passava invariavelmente pelo medo da ciência de guerra, seja ela atômica ou química.

De “O Mundo em Perigo” (1954) a “O Dia Seguinte” (1982), passando por “Mortos que Matam” (1964) e “Mad Max” (1979), o fim do mundo assustava não pelo evento em si, mas sim pelo que restava em seguida: a barbárie e a privação material e moral. Mais recentemente, o foco abandona a ciência como catalisadora e retoma o preceito bíblico. Dois lançamentos da Sony em DVD e Blu-ray, ambos exibidos recentemente nos cinemas, exemplificam essa abordagem.


“Legião” tem uma premissa até subversiva, mas logo adere ao convencionalismo. O sempre competente Paul Bettany faz o arcanjo Miguel, que se rebela contra as ordens divinas de eliminar uma criança prestes a nascer na véspera do Natal. O roteiro não explica, mas essa criança seria a única salvação da humanidade, e Deus estaria insatisfeito com os homens e disposto a finalizar a existência dos mesmos. Miguel, que ainda guarda fé na humanidade, não concorda, e vira um anjo caído, perde as asas (ou as arranca, num ato de automutilação) e vira guardião da grávida (Adrianne Palick), que vive num verdadeiro fim de mundo.


Falta sutileza e clareza narrativa ao diretor estreante Scott Stewart, que veio da indústria de efeitos visuais, dos quais usa e abusa.


 


Confira abaixo os traillers disponíveis no YouTube:


 


“O Livro de Eli”, dos irmãos cineastas Allen e Albert Hughes, é mais interessante. Se “Legião” preocupava-se em evitar o fim do mundo, aqui ele já ocorreu há 30 anos. Denzel Washington faz um solitário andarilho em um mundo pós-apocalíptico, destinado a levar o último exemplar da Bíblia para uma suposta terra prometida. Gary Oldman é o sujeito que pretende usar a palavra do Senhor como forma de conquistar mente e alma dos poucos remanescentes, tornando-os seus fiéis comandados.


Mais do que tentar catequizar o público, o filme faz um válido apelo à preservação da cultura e da memória.





Fonte: O Tempo
Thalles Brandão

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