Sexta cidade mais populosa do Brasil, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como cidade com melhor qualidade de vida na América Latina, Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, está cercada pelas montanhas da Serra do Curral, que lhe servem de moldura natural e referência histórica.
A beleza da cidade planejada vai muito além da geografifi a. Está também em seu povo. Gentil e hospitaleiro, o belo horizontino não dispensa um bom bate-papo recheado com café e muito pão de queijo.
A fé é um tema interessante em BH, como é comumente chamada a cidade oriunda do sonho de uma nova capital desde a época da inconfidência mineira, no século XVII. Segundo uma pesquisa da revista Scielo, com o tema "Dimensões básicas da religiosidade Belo Horizontina", até 2004, o números de evangélicos na cidade chegavam a 24,4% da população. O crescimento, segundo especialistas, é resultado da união de forças dos pastores e ações estratégicas na área de evangelismo e comunicação.
Com população estimada em 2,412 milhões, o crescimento foi mais presente nas últimas três décadas. Este fenômeno acompanha a mesma evolução apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografifia e Estatística (IBGE) em todo Brasil. O pastor Márcio Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha (IBL), acompanhou este processo. Nascido em Belo Horizonte, com passagens pela Igreja Presbiteriana durante a infância, antes de ingressar na IBL – onde se tornou pastor e está há 35 anos-, em sua visão, os evangélicos da capital mineira conseguiram fazer uma revolução e dar importantes contribuições à cidade na área de educação e ensino. “Antes, a cultura estava homogeneizada por causa da supremacia do sistema educacional católico romano. Hoje as igrejas evangélicas são mais abertas, e, portanto, mais multiculturais”, relata ele, que quando menino estudou no Colégio Batista Mineiro.
Para o pastor Jorge Linhares, da Igreja Batista Getsemani, a expansão também é resultado da união das igrejas, a começar pelos líderes. Como presidente do Conselho de Pastores, ele conta que o primeiro encontro da entidade tinha apenas sete líderes. Com o passar do tempo, o grupo foi ganhando credibilidade e hoje as reuniões contam com mais de mil líderes. “Com os pastores mais unidos, ganhamos respeito das autoridades. Um bom exemplo foi o convite do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para participarmos de sua solenidade de posse, onde pudemos orar e abençoar as autoridades”, relembra.
Apesar da expansão, os evangélicos mineiros querem mais. A igreja Batista da Lagoinha, por exemplo, lançou na virada de 2007, uma campanha para alcançar mais 10% da população de Belo Horizonte. Para atingir esta meta serão feitas grandes campanhas evangelísticas em todas as partes da cidade. O líder da igreja acha que com o maior número de conversões, maior será o número de discípulos de Jesus, e, conseqüentemente, menor será a violência, a exploração social, o analfabetismo, a miséria, a corrupção na cidade.
Estratégias de evangelismo são importantes, na avaliação do estudante Israel Gustavo, de 18 anos. No entanto, ele faz algumas ressalvas: “As pessoas evangelizam com panflfl etos. Só que isto nem sempre traz pessoas para Cristo, principalmente os jovens. Se um irmão gosta de pagode, vamos chegar até ele por este meio. O Senhor nos deu diversos talentos e temos que usar estas armas”. Para Gustavo, que já teve problema com alguns pastores ao usar o hip hop para falar de Deus, é preciso que os evangélicos de BH sejam mais criativos, dando maior atenção aos bairros mais carentes, entre eles, o bairro de Taquaril.
A pedagoga Rosangela Fortunato Nicácio, de 29 anos, membro da Igreja Metodista Wesleyana no bairro de Palmeiras, acredita que as igrejas de Belo Horizonte precisam atuar com mais força nas áreas de ação social. “Em BH, temos conseguido arrancar jovens das drogas, mas isto é muito pouco perto do que pode ainda ser feito”.
O empresário Paulo Haddad, de 49 anos, da Igreja Batista Central de Belo Horizonte, argumenta que os evangélicos da capital conseguiram desenvolver uma boa relação com o Poder Público, devido à ligação com o prefeito da cidade, Fernando Pimentel, cujo pai é pastor. Para Haddad, que tem uma griffe de camisas, os empresários cristãos devem se concentrar em trabalhar mais em prol do Reino de Deus, deixando de lado o lucro obsessivo. “A igreja é atuante nestas questões sociais, principalmente nas favelas, mas deveríamos ter mais ações junto aos jovens, independentes de classe social”, destaca Haddad, que chegou a BH aos nove anos.
Fonte: Enfoque Gospel