Rick Warren dá lição de generosidade e mordomia em São Paulo
Na contramão da Teologia da Prosperidade, o pastor mais influente da atualidade revela que não mudou seu estilo de vida após ganhar milhões de dólares com seus dois best sellers.
Imagine quanto dinheiro deve ter rendido a venda de livros como "Uma Vida Com Propósitos", que já foi traduzido para mais de 50 idiomas e alcançou o título de livro de não-ficção mais vendido no mundo por três anos consecutivos, segundo o jornal New York Times, e de "Uma Igreja Com Propósitos", que está na lista dos "100 livros cristãos que mais mudaram o século XX". As vendas de "Uma Vida Com Propósitos" me renderam milhões e milhões de dólares, afirmou o autor, o pastor norte-americano Rick Warren, durante a palestra realizada no último dia 21 de julho, segunda-feira, no Credicard Hall, em São Paulo.
Nada surpreendente para um livro que já vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo mundo e é a segunda obra mais vendida nos Estados Unidos, depois da Bíblia. O que impressionou as duas mil e quinhentas pessoas presentes ao evento foi a forma como Rick Warren investiu todo esse dinheiro. "A resposta sobre o que fazer com tanto dinheiro foi muito fácil para mim: era só dar de volta!", revelou Warren, dizendo que os milhões e a fama decorentes do sucesso do livro o assustaram muito no início. "Eu orava e dizia: Senhor, eu não preciso desse dinheiro. Eu acredito que o pastor tem que viver de forma humilde. Jesus não andava nos melhores carros e não tinha as melhores roupas. Eu tinha nas mãos tudo aquilo que as pessoas correm atrás no mundo e não queria".
Processo criativo
Warren contou que, em 2002, passou sete meses licenciado da igreja de Saddleback dedicando-se a escrever o livro. "Eu acordava por volta das quatro horas da manhã e ia direto para o escritório para escrever, sem comer nem nada. Ficava lá até às 17 horas. Muitas vezes chorava ao escrever porque sabia que o Senhor estava falando comigo e através de mim. Ao escrever eu sabia que estava sendo ungido por Deus. Eu sabia que Deus abençoaria aquele livro, mas não sabia que seria um best seller internacional", recorda o pastor.
Cinco decisões
Depois de muita oração, Rick e sua esposa, Kay Warren, tomaram algumas decisões. "Deus nos mostrou, em I Coríntios 9, que o pastor tem direito de tirar o seu sustento do evangelho, que não há problema em ter salário, mas Paulo quis servir de graça. Quando li, vi que era isso que eu queria fazer e tomamos cinco decisões sobre o que fazer com o dinheiro".
As decisões de Warren foram:
1. "Não vamos mudar o nosso estilo de vida. Eu continuo vivendo de forma simples. Não compramos uma casa maior nem trocamos de carro. Não queríamos gastar com nós mesmo".
2. "Parar de receber o sustento da igreja. Eu sou um pastor amador. A palavra amador define alguém que faz algo porque ama e não por profissão. Eu faço porque gosto e não porque recebo, porque sou pago".
3. "Somamos todo o dinheiro que recebemos de salário durante 25 anos e devolvemos para a igreja. Não conto isso para impressionar ou para me gabar. Conto porque o mundo não tem muitos exemplos de generosidade. Se queremos ser como Jesus, temos que ser generosos. Quanto mais generosos formos, mais abençoados seremos. Uma semana depois de devolver os salários, fui entrevistado pela revista mais importante dos Estados Unidos, a repórter me perguntou qual era o meu salário e eu pude responder que servia de graça há 25 anos. Eu me senti muito orgulhoso por isso. A sensação de ver a surpresa nos olhos daquela mulher foi indescritível. Eu me arrependi por isso e pedi perdão depois".
4. "Criar uma fundação para poder distribuir o dinheiro. Entre outras coisas, ajudamos as pessoas que estão morrendo de Aids no mundo".
5. "Tornarmo-nos dizimistas invertidos. Hoje damos 90% de tudo o que recebemos e vivemos com 10%".
Rick Warren testificou que quando se casou, há 33 anos, ele e sua esposa decidiram ser dizimistas por gratidão pelo passado, por prioridade no presente e por crer que Deus faria ainda mais no futuro. "Não queríamos dar só 10%. Depois de um ano de casados, aumentamos nosso dízimo para 11% e assim fomos aumentando, ano a ano. Em alguns anos, aumentamos 4% a 5% e em outros só 1%. Hoje entregamos 90%, mas não pretendemos parar por ai", revelou. "Deus me falou: eu te dou e você me dá de volta e vamos ver quem ganha. Eu estou perdendo há 33 anos. Não podemos dar a Deus mais do que ele nos dá. Não quero que ninguém na igreja dê mais do que eu. O pastor tem que ser um exemplo de generosidade e não de prosperidade. Temos que ser generosos a ponto de o mundo inteiro saber que os cristãos são generosos".
Fonte: Guia-me