“O Brasil nunca será um país de maioria evangélica.” A análise, que contraria a expectativa de muitos pastores e crentes mais entusiasmados, é do sociólogo Paul Freston, um dos mais respeitados intelectuais cristãos do país. Para ele, o “teto” percentual do segmento evangélico estaria situado em aproximadamente 35% da sociedade brasileira – o que, em números de hoje, equivaleria a aproximadamente 66 milhões de pessoas. Apesar de ainda considerar o Brasil a capital mundial do pentecostalismo, e ressaltar os números do crescimento evangélico na América Latina, destacou que a análise das estatísticas não confirmam a tese de que tal maioria seria alcançada em meados deste século.
O sociólogo e outros estudiosos, assim como líderes e pensadores evangélicos, participaram das comemorações pelos 40 anos da revista Ultimato, entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, na cidade mineira de Viçosa. Freston defendeu sua tese ao mencionar a existência de uma crise no pentecostalismo, com uma diminuição do crescimento e a falta de prática eclesiástica. Além disso, segundo o pesquisador, a Igreja Católica está aprendendo a lidar com a “concorrência” protestante, o que diminuiria a sangria de fiéis romanos em direção às denominações pentecostais, fenômeno cujo apogeu situa-se entre os anos 1980 e 90. O sociólogo mencionou ainda a fragmentação do segmento evangélico como uma das causas para sua queda de crescimento.
Outro que não deu boas notícias aos cerca de 450 participantes do Encontro de Amigos da Ultimato foi o pastor e conferencista Ricardo Gondim. Para ele, o movimento evangélico, tal como é hoje, está em fim de ciclo e sem identidade. “O que é ser evangélico? Este movimento está sem condições de responder às questões que realmente são feitas hoje”.
Fonte: Cristianismo Hoje