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Fé em Deus move a juventude brasileira

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Instituto alemão revela que 65% os jovens afirmam que são profundamente religiosos e mais de 90% acreditam na existência de um ser pessoal e completo em sim mesmo

Ao pensar em terras brasileiras, é comum vir à mente a idéia de muita liberdade. A combinação “verão longo com litoral extenso e pouca roupa” não parece inspirar hábitos muito religiosos. Mas quem diria que em cenário desses os jovens estão em terceiro lugar no ranking dos mais religiosos do mundo.

Segundo a pesquisa do instituto alemão Bertelsmann Stiftung, 65% da juventude brasileira se declara profundamente religiosa. O país perde apenas para Nigéria e Guatemala e está empatado com Indonésia e Marrocos. A pesquisa considerou as respostas de 21 mil jovens, com idades entre 18 e 29 anos, em 21 países. Quando o assunto é apenas acreditar na existência de Deus, os brasileiros ficam em segundo lugar: mais de 90% dos jovens crêem “que existe um ser superior pessoal e completo em si mesmo” – para usar o conceito da pesquisa.

A colocação brasileira não choca todos. “O resultado não é novidade para quem já acompanha o perfil religioso dos brasileiros”, afirma a doutora em sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Maria Cristina Leite. Segundo ela, a religião é um valor muito forte para nossa sociedade e, por isso, é comum que as pessoas se declarem religiosas, mas se recusem a seguir os dogmas de uma religião institucionalizada.

No quesito “obediência às normas religiosas”, o texto final da pesquisa faz uma consideração específica sobre os brasileiros, porque, apesar do alto número de religiosos no país, apenas 35% se dedicam a cumprir o que a religião ordena. A fotógrafa Melissa Balsa, de 28 anos, faz orações todos os dias e tem uma rotina muito ligada à religião. Entretanto, ela não tem compromisso com uma igreja específica. “Gosto de ir à missa de vez em quando”, conta ela, que também participa de reuniões em outros templos religiosos de Belo Horizonte, onde mora. Em altar montado em seu quarto convivem, sem rixas, divindades do budismo, espiritismo e catolicismo. A estátua de São Jorge causa dúvida. Afinal, seria o santo católico ou o Ogum do candomblé? “Os dois. Ele é um só”, é a resposta.

Criada em família espiritualista, Melissa se declara zen-budista. Mas avisa: pega o melhor de cada fé. “Tudo me fortalece muito”, declara. Seu modo de pensar é fruto do sincretismo, tradicionalmente brasileiro, mas tem raízes também na contemporaneidade. “Os jovens de hoje têm muita informação na internet e em todo lugar. Por isso, formam a própria crença”.

Oferta grande

De fato, diante da ampla oferta de crenças e religiões, parece difícil optar por uma só. A estudante Lorena de Souza Ferreira, de 21, é católica “praticante”, como faz questão de frisar. Para ela, o hábito de professar uma fé e não se dedicar a ela é restrito a pessoas que não têm muito conhecimento da própria religião. “Ocorre com os evangélicos também”, compara. Ela freqüenta a Paróquia de São Francisco, no Jardim da Penha, Região Sul de Vitória, pelo menos duas vezes por semana. O sábado é dia da reunião de jovens e o domingo é o “dia do Senhor”. “Todo católico é obrigado à ir a missa nesse dia”, justifica.

Embora se dedique apenas a uma religião, Lorena dá sinais de se encaixar no perfil desenhado por Maria Cristina, de acordo com o qual a tendência da religião é se tornar, cada vez mais, individual. Apesar de ir assiduamente à igreja, ela não faz questão de se confessar sempre e, vez por outra, dá uma olhada no horóscopo. “Leio, mas não acredito”, esclarece.

 

Fonte: Uai

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