Gospel
Demonios existem? Pr. Marcos Pereira no SBT. Veja
Cabrini conviveu durante dias com o polêmico pastor e registrou como ele invade bailes funks em morros dominados pelo tráfico e os transforma em cultos religiosos. Num dos blocos é possível constatar como homens armados que se rendem às suas ordens.
Pastor Marcos Pereira, para alguns, um líder. Um homem com um dom especial: o de limpar a alma de homens violentos. Para outros, carrega diversas acusações. O polêmico personagem comanda um império de 4 unidades e 700 membros, mais do que isso, e é apontado como líder espiritual dos principais bandidos do Rio de Janeiro. Uma posição que rende privilégios e também pressões.
Por que ele é o único que tem livre acesso nos morros e favelas cariocas? Qual o segredo para que ele consiga frequentar rodas de traficantes e bandidos destemidos? Durante dias convivemos com ele. Registramos como invade bailes funks em morros dominados pelo tráfico , relata Roberto Cabrini.
Batidão do Senhor
Um homem que é considerado um traidor. Foi contra a lei do crime organizado na comunidade onde vive. Ele não sabia das consequências e agora vive os últimos momentos antes de ser executado. Eliminado pelos traficantes por ter roubado uma bicicleta e um botijão de gás. Como num ritual ele é espancado e depois amarrado. Ele implora pela vida e o que parecia impossível acontece. O assassinato é adiado depois que outro homem aparece: Marcos Pereira, o religioso que consegue impedir ações cruéis de criminosos perigosos. Nosso personagem vai colocando a mão na cabeça das pessoas que estão no baile e elas caem desmaiadas. O Conexão Repórter foi atrás de respostas. Foram dias de convivência. Registramos como funciona seu trabalho. Constatamos como a fé se transforma em um negócio que atrai seguidores, que faz com que bandidos endurecidos pela violência se rendam, se desarmem diante do homem que diz ter o poder de explusar demônios.
A batida marcante dita o ritmo, embala a rotina nos morros cariocas. O som, antes ouvido pelas minorias, derruba preconceitos e agora faz parte da identidade da cidade maravilhosa. No caldeirão chamado Rio de Janeiro, raças, culturas, classes sociais se misturam. A desigualdade social é evidente, está na geografia, no dia a dia e na alma dos cariocas. É neste cenário que o funk aparece como a trilha sonora oficial de uma cidade que vive no limite entre a lei e o caos. Letras em forma de protesto. Assim nasceu este movimento espelhado e importado da cultura americana. O funk surge como o grito preso na garganta, dos pobres, da periferia, dos excluídos pela sociedade. O que era para ser só uma quebra de regras estabelecidas, ultrapassa limites. Ganha contorno violentos. É a face do funk como propagador da violência. Nos bailes promovidos pelos funkeiros, uma realidade fora da lei. Armas, drogas, sexo. Tudo no mesmo lugar. Nos bastidores do batidão, como são conhecidos os bailes funk, fica claro quem está no poder. O Conexão Repórter se infiltra neste submundo alimentado pela violência, em que cidadãos de bem se misturam aos inimigos públicos da sociedade. É neste ambiente que nos deparamos com um personagem único que destoa de toda essa realidade.
O polêmico homem (Pr. Marcos Pereira) caminha tranquilo pelos morros cariocas tomados pelo tráfico. Tem livre acesso, condição conquistada, segundo ele, depois de anos de trabalho. Diz que sua missão é levar a palavra do Senhor aos criminosos que ditam as ordens nas comunidades carentes. E o que parecia improvável vira uma rotina nos becos e vielas das favelas. Estranhamente cumpre o seu papel. Parece invadir a mente dos criminosos, que aos poucos se desarmam. Abandonam identidade de homens violentos e ficam entregues aos pés do homem que entoa palavras da bíblia. Diz explusar os demônios, que segundo ele, abrigam as almas destes criminosos. É o fio de esperança para os homens que escolheram caminhos tortuosos, arriscados, ilegais. Decidimos saber mais sobre a vida deste misterioso homem que escolheu viver a vida a serviço da religião. Ele concorda em nos revelar tudo. Seguimos para a zona norte do Rio. Entramos no prédio imponente e somos recebidos por nosso anfitrião.
A noite carioca mostra sua face, no alto dos morros um ritmo eleito como hino das comunidades. Nosso destino é um dos bailes funk, na zona norte da cidade maravilhosa: o batidão, como são conhecidos. É lá que iremos acompanhar seu trabalho, uma missão dificil: a de transformar o baile em uma espécie de culto. Na chegada nos deparamos com os donos do baile. Homens armados que ostensivamente cuidam da segurança dos frequentadores do baile. Para qualquer pessoa um motivo de intimidação, mas ele não tem nenhuma dificuldade em circular livremente entre os homens considerados perigosos. Ninguém barra. Ninguém impede. O homem que sobe o morro para levar a palavra do Senhor é blindado pelos próprios chefões do tráfico. Em volta, jovens consomem bebidas alcóolicas. Garotas desfilam em trajes provocativos e traficantes mostram o poder, exibem seus arsenais. Em meio a todo este cenário intimidador ele, nosso personagem, caminha como um velho conhecido dos frequentadores. Entre um aceno e outro ele aproveita para ajudar algumas pessoas que ele diz: “estarem tomadas pelo mal”. Música alta e o objetivo do pastor é chegar até o DJ. No palco crianças dançam ao som de letras pesadas, impróprias para a idade. O homem reconhecido pela comunidade como a pessoas que tem a missão de expulsar os demônios chega ao palco, sobe e, finalmente, toma o microfone.
E, como numa mudança de rítmo, o batidão se transforma em uma espécie de ” rave gospel”. Começa o que os fiéis acreditam ser a luta do bem contra o mal. É hora de show de Marcos Pereira. A voz forte toma conta do baile. Todos ficam paralisados, atônitos com o poder enigmático . Ao presenciar estas cenas uma pergunta fica no ar. O que estas pessoas sentem ? Por que caem desnorteadas? Sugestão? Ou simplesmente fé?
Parte I
Pastor Marcos Pereira, para alguns, um líder. Um homem com um dom especial: o de limpar a alma de homens violentos. Para outros, carrega diversas acusações. O polêmico personagem comanda um império de 4 unidades e 700 membros, mais do que isso, e é apontado como líder espiritual dos principais bandidos do Rio de Janeiro. Uma posição que rende privilégios e também pressões.
Por que ele é o único que tem livre acesso nos morros e favelas cariocas? Qual o segredo para que ele consiga frequentar rodas de traficantes e bandidos destemidos? Durante dias convivemos com ele. Registramos como invade bailes funks em morros dominados pelo tráfico , relata Roberto Cabrini.
Batidão do Senhor
Um homem que é considerado um traidor. Foi contra a lei do crime organizado na comunidade onde vive. Ele não sabia das consequências e agora vive os últimos momentos antes de ser executado. Eliminado pelos traficantes por ter roubado uma bicicleta e um botijão de gás. Como num ritual ele é espancado e depois amarrado. Ele implora pela vida e o que parecia impossível acontece. O assassinato é adiado depois que outro homem aparece: Marcos Pereira, o religioso que consegue impedir ações cruéis de criminosos perigosos. Nosso personagem vai colocando a mão na cabeça das pessoas que estão no baile e elas caem desmaiadas. O Conexão Repórter foi atrás de respostas. Foram dias de convivência. Registramos como funciona seu trabalho. Constatamos como a fé se transforma em um negócio que atrai seguidores, que faz com que bandidos endurecidos pela violência se rendam, se desarmem diante do homem que diz ter o poder de explusar demônios.
A batida marcante dita o ritmo, embala a rotina nos morros cariocas. O som, antes ouvido pelas minorias, derruba preconceitos e agora faz parte da identidade da cidade maravilhosa. No caldeirão chamado Rio de Janeiro, raças, culturas, classes sociais se misturam. A desigualdade social é evidente, está na geografia, no dia a dia e na alma dos cariocas. É neste cenário que o funk aparece como a trilha sonora oficial de uma cidade que vive no limite entre a lei e o caos. Letras em forma de protesto. Assim nasceu este movimento espelhado e importado da cultura americana. O funk surge como o grito preso na garganta, dos pobres, da periferia, dos excluídos pela sociedade. O que era para ser só uma quebra de regras estabelecidas, ultrapassa limites. Ganha contorno violentos. É a face do funk como propagador da violência. Nos bailes promovidos pelos funkeiros, uma realidade fora da lei. Armas, drogas, sexo. Tudo no mesmo lugar. Nos bastidores do batidão, como são conhecidos os bailes funk, fica claro quem está no poder. O Conexão Repórter se infiltra neste submundo alimentado pela violência, em que cidadãos de bem se misturam aos inimigos públicos da sociedade. É neste ambiente que nos deparamos com um personagem único que destoa de toda essa realidade.
O polêmico homem (Pr. Marcos Pereira) caminha tranquilo pelos morros cariocas tomados pelo tráfico. Tem livre acesso, condição conquistada, segundo ele, depois de anos de trabalho. Diz que sua missão é levar a palavra do Senhor aos criminosos que ditam as ordens nas comunidades carentes. E o que parecia improvável vira uma rotina nos becos e vielas das favelas. Estranhamente cumpre o seu papel. Parece invadir a mente dos criminosos, que aos poucos se desarmam. Abandonam identidade de homens violentos e ficam entregues aos pés do homem que entoa palavras da bíblia. Diz explusar os demônios, que segundo ele, abrigam as almas destes criminosos. É o fio de esperança para os homens que escolheram caminhos tortuosos, arriscados, ilegais. Decidimos saber mais sobre a vida deste misterioso homem que escolheu viver a vida a serviço da religião. Ele concorda em nos revelar tudo. Seguimos para a zona norte do Rio. Entramos no prédio imponente e somos recebidos por nosso anfitrião.
A noite carioca mostra sua face, no alto dos morros um ritmo eleito como hino das comunidades. Nosso destino é um dos bailes funk, na zona norte da cidade maravilhosa: o batidão, como são conhecidos. É lá que iremos acompanhar seu trabalho, uma missão dificil: a de transformar o baile em uma espécie de culto. Na chegada nos deparamos com os donos do baile. Homens armados que ostensivamente cuidam da segurança dos frequentadores do baile. Para qualquer pessoa um motivo de intimidação, mas ele não tem nenhuma dificuldade em circular livremente entre os homens considerados perigosos. Ninguém barra. Ninguém impede. O homem que sobe o morro para levar a palavra do Senhor é blindado pelos próprios chefões do tráfico. Em volta, jovens consomem bebidas alcóolicas. Garotas desfilam em trajes provocativos e traficantes mostram o poder, exibem seus arsenais. Em meio a todo este cenário intimidador ele, nosso personagem, caminha como um velho conhecido dos frequentadores. Entre um aceno e outro ele aproveita para ajudar algumas pessoas que ele diz: “estarem tomadas pelo mal”. Música alta e o objetivo do pastor é chegar até o DJ. No palco crianças dançam ao som de letras pesadas, impróprias para a idade. O homem reconhecido pela comunidade como a pessoas que tem a missão de expulsar os demônios chega ao palco, sobe e, finalmente, toma o microfone.
E, como numa mudança de rítmo, o batidão se transforma em uma espécie de ” rave gospel”. Começa o que os fiéis acreditam ser a luta do bem contra o mal. É hora de show de Marcos Pereira. A voz forte toma conta do baile. Todos ficam paralisados, atônitos com o poder enigmático . Ao presenciar estas cenas uma pergunta fica no ar. O que estas pessoas sentem ? Por que caem desnorteadas? Sugestão? Ou simplesmente fé?
Parte I
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