Gospel
Líderes propõem formação de aliança de redes evangélicas
Cerca de 80 líderes de diversos movimentos, denominações, organizações e redes evangélicas reuniram-se no dia 14 de dezembro na Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo (SP), com a proposta de formação de uma aliança que agregue e una cristãos, movimentos, denominações e redes evangélicas no Brasil. Segundo o facilitador da reunião, Valdir Steuernagel, o propósito da reunião foi “buscar a direção de Deus e o discernimento do Corpo de Cristo quanto ao estabelecimento de uma espécie de Aliança em Rede por parte de segmentos expressivos da caminhada evangélica brasileira”.
Segundo informe distribuído pela Associação de Missões Transculturais do Brasil (AMTB), “a reunião que durou mais de 4 horas possibilitou reflexões individuais e coletivas da proposta e deu um passo à frente para a formação da aliança. “O grupo era grande e heterogênio, isso trouxe à tona muitas ideias, inclusive excludentes. Mas na diversidade havia o forte desejo que nos fizéssemos representados, ecoando em unidade a nossa voz, não para mostrar poder, mas serviço a Deus, à sociedade e à Igreja”, disse Silas Tostes, presidente da AMTB e integrante do Grupo de Trabalho formado meses antes para redigir a proposta da “Carta de Princípios” da aliança. Para Débora Fahur, da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS), “conseguimos cumprir esta primeira etapa. O encontro cumpriu seu papel informativo, de compartilhamento e oração em conjunto”. Débora apresentou ao público o modelo de funcionamento em rede da RENAS.
Serviço e representatividade
A reunião foi dividida em duas partes. Na primeira os presentes puderam ouvir as palavras do pastor batista Ed René Kivitz e do sociólogo Paul Freston. Kivitz encorajou os participantes a pensarem qual seria o objetivo desta nova aliança. “Perdemos o caminho da fermentação e adotamos o caminho do glamour. Eu penso em uma rede que chame a igreja para o serviço, que ponha a toalha na mão do povo de Deus. Precisamos, não de uma rede que busque representatividade, mas sim solidariedade e serviço”, disse.
Paul Freston falou sobre os contextos que envolvem a busca pela unidade da igreja. “A igreja historicamente sempre esteve desunida. Ela só se uniu quando viveu debaixo de pressões políticas, como, por exemplo, no governo romano de Constantino [no quarto século d.C]. No atual cenário mundial, o protestantismo tem desteologizado a organização eclesiástica, temos feito uma distinção entre teologia e organização eclesiástica. Isto gera um pluralismo institucional, uma fragmentação”. Para Freston, inevitavelmente os projetos de unidade serão chamados (pelos de fora da igreja) para exercerem a função de representatividade pública. “Funções públicas vão acontecer. As instâncias sociais querem saber o que os evangélicos estão fazendo e pensando. E não há interlocutor. Este vazio será certamente preenchido por alguém. Como fazer isto sem ingenuidade sociológica, mas sem perder o idealismo do Evangelho?”, pergunta.
“A representatividade não é uma escolha; é uma consequência sociológica”, afirmou o bispo anglicano Dom Robinson Cavalcanti, quando houve a abertura para perguntas e comentários do público. A primeira parte da reunião foi encerrada com vários momentos de oração.
Carta de Princípios
Na segunda parte, os participantes foram divididos em grupos de sete pessoas cada, com o objetivo de discutir a “Carta de Princípios”, o arranjo institucional e o nome para a aliança. Antes da divisão, Silas Tostes leu e comentou trechos do documento. Ele esclareceu que esta é a quinta versão da proposta que vem agregando contribuições de diferentes segmentos. Segundo ele, a aliança também considera a possibilidade de aceitar pessoas físicas e igrejas locais para compô-la, mesmo que em diferentes categorias de membresia.
O primeiro parágrafo da proposta da Carta de Princípios diz que a aliança é uma “rede que visa ser expressão de unidade de cristãos evangélicos no Brasil e de ação, reflexão e posicionamento evangélico em questões éticas e de direitos humanos”. As discussões nos grupos pequenos giraram em torno da necessidade de deixar mais clara a identidade da aliança e de ampliar a sua plataforma de ação. “A aliança quer expressar a unidade, mas com qual objetivo?”, pergunta o relator de um dos grupos pequenos. “Além das questões éticas e de direitos humanos, podemos incluir questões teológicas”, disse outro grupo. “Antes de decidir sobre a estrutura, vale a pena termos um tempo maior para pensarmos o que exatamente queremos dizer para a sociedade”, afirmou o pastor presbiteriano Ricardo Agreste. Os grupos relataram em plenário as suas conclusões que foram devidamente registradas. Os presentes concordaram que o grupo de trabalho atuante continue com a mesma composição.
Considerando a rica discussão em torno da proposta, Valdir Steuernagel admitiu que ainda será preciso caminhar um pouco mais quanto à fundação da aliança. “Fica definido que a próxima reunião ainda não será a assembléia formalmente fundante. Reconhecemos a necessidade de continuarmos conversando e de aglutinar mais pessoas em torno da proposta”, finalizou Valdir.
Histórico do processo
1. Reunião realizada em 10/06/09
Essa primeira reunião contou com a presença de alguns líderes e pastores evangélicos, bem como com alguns representantes da WEA (World Evangelical Alliance). A partir dessa primeira reunião se chegou ao consenso de que se deveria formar um grupo representativo para dar formato à Aliança.
2. Reunião realizada em 21/08/09
Essa reunião foi realizada com o grupo representativo e neste encontro foram estabelecidos alguns objetivos de trabalho. Além disso, foi proposta uma reunião de fundação da Aliança para o dia 14/12.
3. Reunião realizada em 23/10
4. Reunião realizada no dia 14/12
Essa reunião foi realizada com a presença do grupo representativo e de líderes e pastores evangélicos com o propósito de fundar a Aliança bem como de estabelecer metas e o nome dessa rede.
Fonte: Agência Soma
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