Brasil
Manifestantes invadem instituto religioso em protesto contra afastamento de professora
Na noite desta terça-feira (18/10), manifestantes da esquerda adentraram para o Instituto de Ensino Luterano de Santa Catarina (IELUSC), em Joinville, Santa Catarina, em protesto.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram os manifestantes entrando no instituto, ao lado de um templo religioso, a Paróquia da Paz, apesar da resistência da segurança local.
O grupo portava bandeiras do comunismo, da CUT, PCdoB e do PT. Além disso, gritavam as palavras de ordem “ocupar e resistir”. Em outro momento, o grupo bradou que “os estudantes não aceitam opressão” e “ele não”, para referir-se ao presidente Jair Bolsonaro.
Há informações de que acontecia um culto no momento da manifestação.
Há informações de que acontecia um culto no momento da manifestação.
Ainda segundo informações, o protesto foi organizado por um grupo de estudantes da instituição, que protestaram contra o afastamento de uma professora que supostamente teria ofendido os moradores da cidade após o acolhimento a Jair Bolsonaro.
A professora Maria Elisa Máximo foi afastada da IELUSC, na qual trabalha por 15 anos na instituição. Na época, em comunicado informando a comunidade o desligamento da professora, a direção do IELUSC explicou que “o posicionamento institucional é de neutralidade política, por ser apartidária”.
A direção argumentou, no comunicado, que informou ao corpo docente e funcionários, no dia 12 de agosto, que evitassem “posicionamentos pessoais [que] possam ser vinculados como sendo de nossa instituição educacional, sobretudo na sala de aula ou em mídias e grupos acessados por estudantes e/ou pais; e evitar deixar-se influenciar pelas emoções ingressando em debates improdutivos, em especial quando você ou seu interlocutor utilizam achismos e generalizações como argumentos”.
Bolsonaro fez campanha em Joinville no dia 1º de agosto, um dia antes do primeiro turno. No dia seguinte, 68,98% dos votos válidos dos joinvilenses seriam dedicados a ele.
Jair puxava a motociata quando a professora Maria Elisa Máximo cruzou seu caminho. Ela, o marido e os dois filhos ocupavam um carro adesivado com o rosto de Lula.
Elisa é doutora em antropologia e pesquisa sobre o ciberespaço e as sociedades complexas. Ela chegou a falar sobre a perseguição que sofreu após o episódio: “Eles agem pelo poder econômico. Um dos focos é inviabilizar a existência de pessoas como eu, e existem muitas formas de se fazer isso, inclusive tirando o trabalho. Teve gente que me escreveu dizendo que eu preciso sair da cidade e que não posso mais ser professora. Eu sequer estou saindo de casa e os meus filhos não estão frequentando a escola”, afirmou.
A docente atua há mais de 15 anos na mesma instituição de ensino, onde acumula o cargo de Coordenadora de Ação Comunitária e Responsabilidade Social e Ambiental.
Até o momento, a Igreja não se posicionou a respeito da suposta invasão. A reportagem procurou a IELUSC para saber se houve danos materiais ao templo e se houve a interrupção do culto no momento da baderna, mas até o fechamento desta matéria ainda não havia respondido.
Na página oficial da igreja no Instagram, fiéis relataram que o culto noturno foi impedido pelos extremistas e manifestaram solidariedade. “Meu repúdio à manifestação ocorrida, que acabou interferindo no culto da paz”, escreveu uma pessoa. “Onde estão os respeitos e os valores?”, interpelou outra pessoa, ao mencionar que a igreja sempre acolheu os mais necessitados.
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