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Máquinas de camisinhas em escola geram polêmica

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MATO GROSSO DO SUL – O anúncio do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, na última quinta-feira acerca do início da produção de 400 máquinas de camisinhas que serão instaladas nas escolas públicas em janeiro 2009, gerou polêmica em todo o país. Em Dourados o projeto divide opiniões entre religiosos, mães e educadores. 

A empresária Jaqueline Vicente é mãe de três filhos com idades de 7, 17 e 20 anos. Ela considerou o projeto como "absurdo" e pretende proibir os filhos de terem contato com a máquina, caso seja instalada na escola. "Esta idéia é um incentivo ao sexualismo precoce e não tem nada a ver com educação. Crianças e adolescentes, imaturos, vão adquirir a camisinha, sem nem ao menos ter instrução psicológica e idade suficiente. Sempre disse aos meus filhos que o sexo deve ser feito na hora certa, depois do casamento de preferência, que é o momento em eles vão ter a certeza de que estão praticando um ato de amor com a pessoa que amam e com maturidade. Esta decisão do governo afronta todos os ensinamentos que passei a eles durante a vida e compromete a paz em nosso lar", disse.

Mãe de um casal de filhos de 07 e 12 anos, Erocides Bueno dos Santos, disse que a sociedade teria que ser ouvida antes da execução do projeto. "Estamos vendo que a vontade do povo não tem importância nenhuma para as decisões em Brasília. Encaro esta atitude como forma de acabar com o amor ao próximo e ao afeto. O poder público pode até estar correto em pensar na gravidez na adolescência, ou contaminação das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), mas não é colocando preservativos nas mãos das crianças que os problemas vão acabar. É preciso investir mais em conhecimento na escola e capacitar professores para um ensino de qualidade e que aborde com mais eficácia este assunto", disse.

O padre Alberto, da Catedral Imaculada Conceição, afirma que a igreja católica é totalmente contra a máquina. Segundo ele, o projeto incentiva o sexualismo e fere um dos princípios mais defendidos pela igreja que é o respeito ao corpo. O padre Flávio, vigário em Maracajú, também falou a respeito. Segundo ele, a igreja Católica prega, de acordo com os ensinamentos bíblicos, a vida em castidade. "O sexo é o auge do amor. Ele deve ser praticado dentro do casamento. Quanto aos solteiros, a melhor forma de evitar as doenças e a gravidez indesejada é praticando a castidade. Com tantos problemas na educação, que precisariam ser resolvidos com urgência, o governo pensa em incentivar o sexualismo entre as crianças".

O padre acrescenta ainda que o incentivo ao uso da camisinha pode gerar transtornos, como várias doença. "A igreja Católica já pediu estudos para cientistas que afirmam que poros do látex não são capazes de garantir eficácia na retenção de vírus. Podem até impedir a passagem de espermatozóides mas este resultado não é igual para os microorganismos", afirma.

De encontro com as considerações do padre, o diácono Alceu de Aguiar Quadros acrescenta que a idéia vai contribuir para a prostituição e infidelidade. Pai de quatro filhos, ele considera absurda a decisão do governo, mas acredita que a execução do projeto pode não acontecer. "O poder público vive informando que não tem dinheiro para investir no ensino. As faculdades e escolas estão sucateadas. Onde o governo vai adquirir tantos recursos para investir em máquinas de camisinhas", indaga.

Por outro lado, o secretário de educação do município, Antônio Leopoldo Van Suypene, disse que apesar de não conhecer o programa considera importante implantar mecanismos que diminuam os índices de Aids e gravidez entre adolescentes. "O projeto pode dar certo, mas com a adoção de critérios. Antes de qualquer contato direto com os preservativos, os alunos precisam passar por um trabalho intenso de educação sexual que deve ser desenvolvido dentro do currículo escolar. Vai depender de como a escola vai atuar. Acredito que toda a discussão sobre prevenção é bem vinda, desde que bem elaborada", considera.

Já a diretora Deumeires de Morais, da Escola Municipal Clarice Bastos Rosa, afirma que a escola não é o melhor local para a distribuição de camisinhas. "O colégio tem que incentivar o uso dos preservativos através de palestras com autoridades na área, como médicos ou psicólogos, já que o assunto ainda é abordado superficialmente dentro da disciplina de ciências. Também deve-se orientar o aluno quanto ao local onde ele pode adquirir os métodos contraceptivos, mas, cima de tudo, respeitar a fase infantil da criança dentro do ambiente escolar", disse.  

Fonte: O Verbo

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