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Jovem alega que foi expulsa de curso de Igreja Batista e submetida a exorcismos por ser lésbica

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A jovem disse que foi expulsa do curso CTMDT da Banda Diante do Trono da Igreja Batista da Lagoinha, por ser lésbica – Foto: Arquivo Pessoal

Uma jovem resolveu expor uma situação que vivenciou em uma igreja. Ela foi expulsa de um curso cristão promovido por uma banda evangélica da igreja por ser homossexual. Ela deu entrevista ao ‘Portal APública’ onde revelou tudo que viveu.

Cláudia Baccile tinha 19 anos quando deixou a família em Brasília para tentar realizar seu sonho de ser ministra de louvor. Fã da banda Diante do Trono e também da cantora gospel Ana Paula Valadão, Cláudia viajou até Belo Horizonte/MG para participar de um curso promovido pela banda, curso que era ministrado nas dependências da Igreja Batista da Lagoinha, na capital mineira.

O curso em questão era o Centro de Treinamento Ministerial Diante do Trono (CTMDT), da Banda Diante do Trono, reconhecido como um dos maiores ministérios de louvor da América Latina e que atraía estudantes de todo o país, e até do exterior, para o CTMDT.

Cláudia conta que Dois anos depois, o vestido da formatura já estava comprado. A mãe dela voou até Minas para participar da festa. No dia do baile, mesmo tendo sido aprovada em todas as disciplinas, ela foi expulsa e impedida de pegar o diploma por ser lésbica.

“O pastor líder disse que o nome do ministério não podia ser associado a pessoas como eu”, disse ela ao Portal APública explicando que a igreja ofereceu a ela um período em um retiro espiritual da igreja.

Segundo ela, tudo foi um desfecho de uma sequência de experiências traumáticas, que causaram na jovem “danos psicológicos permanentes”. Ela ainda revelou que foi isolada em um sítio, submetida a exorcismos, e fez sessões de terapia com psicólogos da própria Igreja Batista da Lagoinha.

RELATA SEQUELAS

Hoje Cláudia tem 30 anos e é casada com outra mulher e segundo ela, ainda convive com as sequelas do sofrimento intenso nos anos de seminário. Ela conta que “caiu em uma depressão profunda que reduziu sua imunidade a ponto de ser internada com múltiplas infecções”, além de tomar antidepressivos e ansiolíticos.

Movida pela culpa, ela revelou seus sentimentos à liderança da escola, que impôs o afastamento total das duas como condição para a continuidade dos estudos.

“Tive que ler um versículo da Bíblia para ela na frente dos pastores. O texto falava que a homossexualidade é abominação para Deus. Ela saiu da sala chorando. Foi horrível”, lembra.

Ela revelou que conforme seu relato, professores vigiavam os movimentos das estudantes e expunham o caso para outros alunos. Ela diz que teve o computador pessoal confiscado por uma das líderes, que vasculhou o dispositivo para achar trocas de mensagens dela com a outra aluna.

RETIRO ESPIRITUAL

Durante três dias que ela ficou no retiro espiritual da igreja, a Estância Paraíso – um retiro espiritual muito frequentado por famosos – ela cumpriu uma rotina intensa de orações, palestras e cultos, em que ouvia sobre curas de homossexuais, de vícios em bebidas e drogas, conversão de adúlteros e arrependimento de pessoas que roubavam.

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“É um lugar para casos perdidos, na visão deles. Pessoas com depressão e todo tipo de vícios. No seminário, vimos quem ia à estância como um doente internado no hospital”, revelou ela.

Quando voltou ao seminário, Cláudia foi orientada por uma professora, que era psicóloga, a procurar a Clínica da Alma da igreja da Lagoinha. Nesse espaço, psicólogos cristãos da Batista da Lagoinha prestam atendimentos sociais que custam R$ 80 por sessão. Segundo o Portal APública, Cláudia chegou a ir em algumas consultas e “pouco ficou na memória” da jovem.

Procurada, a Igreja Batista da Lagoinha informou que o assunto deve ser tratado diretamente com o Diante do Trono e até o momento não respondeu às nossas ligações.

 

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