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1º de Abril – Por Que Mentimos? Uma radiografia da mentira

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Foto: Bigstock

Bem vindo ao jogo – ou aos fatos. Nesse exato momento em que lê a presente matéria, você pode estar diante das câmeras e o mundo todo te vê. Cada gesto seu pode estar sendo rigorosamente observado, analisado: o movimento de seus olhos e suas mãos, a expressão corporal, sua face, seu sorriso (ou a falta dele), seus lábios… Tudo, tudo… Até mesmo seus batimentos cardíacos e níveis de ansiedade e estresse. Traduzindo: você pode estar diante da “Máquina da Verdade” – ou, melhor explicando, do “Detector de Mentiras”. Ou ainda, para ser mais exato nas terminologias, você pode estar diante do Polígrafo.
Ante agora a essa verdade, a pergunta que não quer calar (procure ser rápido e sincero): você é um (a) mentiroso(a)? Antes que se ofenda e proteste, seja mais rápido e sincero: já mentiu alguma vez na vida, uma vezinha só?

Se respondeu que “não” à primeira pergunta, é compreensível. O que pode significar que a “Máquina” detectou que… – tchan tchan, tchan, tchanaaannn – você pode estar dizendo a verdade. Mas se também disse “não” à segunda, acabou de mentir pela primeira vez em sua vida. E imagine o que a “Máquina” detectou? Se for bem sincero consigo mesmo, descobrirá que essa, com certeza, não foi sua primeira mentira. É como Jesus certa vez afirmou a um bando de acusadores: “Quem não tem pecados, que atire a primeira pedra”.

Uma radiografia da mentira
A mentira é algo tão comum e normal em nossos dias, e também presente em lugares tão diversos – do botequim a uma igreja – que é quase impossível combatê-la. Há pessoas tão habilitadas e teatrais na arte de mentir que, mesmo perante tribunais (em casos de investigação ou de CPI) ou diante das câmeras (em períodos eleitorais, por exemplo), são capazes de se mostrarem firmes e tranqüilos, sem jamais desconfiarmos delas. E há quem acredite que a vida sem a mentira é inconcebível.
Numa reportagem publicada pela revista Veja (Edição nº 1771) intitulada “Por que todos mentem”, a psicóloga Mary Ann Mason afirmou: “Se nunca pudéssemos mentir… a convivência humana seria impossível em casa, no trabalho, em sociedade”. A reportagem de Veja informa (acredite, se quiser) que a mentira é um dos traços da humanização, e que o homem é incapaz de mentir até os 3 meses de idade. Diz ainda que os primeiros truques para chantagear mamãe e papai afloram a partir dessa idade. O psicólogo americano Gerald Jellison, da Universidade do Sul da Califórnia informou na matéria que, segundo seus cálculos, no decorrer de um dia normal qualquer – exceto em períodos políticos – um indivíduo escuta, vê ou lê duas centenas de mentiras. O que significa uma inverdade a cada cinco minutos. Segundo ele, a maioria dessas mentiras são inofensivas(será?) e que – acredite também, se quiser –  “ajudam a harmonizar as relações interpessoais no cotidiano”. São mentiras do tipo: “Seu cabelo está ótimo, meu bem” ou “O trânsito estava um caos; por isso me atrasei. Desculpe.”

De “pernas” longas e “nariz” pequeno
Quem nunca ouviu falar do personagem Pinóquio, um menino-boneco que tinha o hábito de mentir e que, a cada vez que o fazia, seu nariz crescia? Seu pai, Gepeto, sempre lhe dizia que a mentira tem pernas curtas (além, claro, de fazer o nariz crescer).
Contudo, se analisarmos o que tem acontecido na humanidade, desde que a “grande mentira” surgira na Terra – quando Satanás, incorporado numa serpente, enganara e seduzira Eva – veremos que a mentira, ao contrário do que dizia Gepeto, tem pernas longas e nariz pequeno, já que tem ido cada vez mais longe e poucos a detectam com facilidade. Vejamos os tipos mais comuns de mentirosos e como agem. Será que somos parecidos com algum deles? Não responda.

– O mentiroso assumido: “Minto, não nego, e só paro quando quiser”. É aquele que, se pudesse, diria num tribunal: “Juro dizer a mentira, somente a mentira, e nada mais que a mentira”. Ele vive e até respira sob a mentira. E não tem nenhuma intenção de mudar.
O mentiroso mentiroso: Nunca assume que o é. Quando confrontado, sempre tem suas respostas na ponta da língua. Ai daquele que lhe diz o contrário.
O mentiroso enrolado: Sempre inventa uma desculpa ou uma história mirabolante para contar, a fim de justificar seus atos.
O mentiroso sincero: Isso mesmo que acabou de ler. Diferente do mentiroso assumido, ele nunca nega o que é. Mas também nunca muda.

Poderíamos traçar aqui uma série de perfis de mentirosos – como o mentiroso chorão(que mente chorando, só para convencer os outros, a fim de receber o que quer), o mentiroso “santo”(que mente tão bem que ninguém jamais desconfia dele, pois tem cara e expressão de piedade. Ele sempre diz: “Fiz isso na melhor da intenções”) e até mesmo o mentiroso espiritual, que sempre mente e justifica seus atos a partir de chavões e frases desconexas extraídas da Bíblia – mas não é o caso. O que interessa saber é de que tipo somos e o que podemos fazer pra deixar de o sermos.

Essas são apenas algumas das inúmeras expressões e manifestações que os mentirosos costumam esboçar quando estão mentindo(será que nos estamos em algum desses perfis?) Em cada uma dessas atitudes, a intenção clara é a de convencer, só para dar o golpe. Embora não seja um dos 7 pecados capitais, a mentira é tão letal quanto esses(e todos os outros) pecados. Da próxima vez, é bom pensar duas(ou mil) vezes antes de mentir. Antes que não só o nariz cresça, como também a desconfiança.

Por que os mentirosos mentem?
Mas, afinal, por que agimos dessa maneira? Que “forças” ou circunstâncias nos levam a faltar com a verdade e a sinceridade até mesmo para com aqueles que mais amamos? Aqui vão algumas das principais razões:

Medo: Esse talvez seja o maior motivo. Medo de perder o emprego, a família, a estima, os amigos, o amor… Enfim, tememos a perda.
Insegurança: Por não sabermos como agir em determinada situação, especialmente quando confrontados.
Fuga: Muitos recorrem constantemente a mentira, a fim de fugir de algo, quer de si mesmos, dos outros ou de alguma situação.
benefício: Acostumadas a sempre ter vantagem em tudo, seja de quem for, essas pessoas têm a mentira e o engano como uma arma e uma aliada.
Vício: São tão habituadas à mentira e ao engano, que não conseguem mais fazer outra coisa. A verdade, para elas, é uma tormenta, por menor que seja ela.
Maldade: Movidos mais que por medo, insegurança, vício ou em benefício próprio, essas pessoas mentem só pelo prazer de mentir, por pura maldade. Virtudes como altruísmo e amor ao próprio jamais são vistas.

Essas são talvez apenas algumas das inúmeras razões porque muitos recorrem ao expediente da mentira. Assim como é difícil para aqueles que se vêem presos à mentira desvencilhar dela, é também difícil(mas não impossívvel, claro) fazer o caminho inverso e retornar ao ponto de origem, onde tudo começou, quando a mentira era só um acidente.

“Nada mais que a verdade, somente a verdade”
Quem já não viu algum daqueles filmes, onde o policial prende o bandido e diz: “Você tem o direito de permanecer calado, e tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal?” Isso demonstra que nossas palavras têm peso. É como Jesus diz: “Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.”

Como, então, retornarmos ao que éramos, antes de começarmos a mentirmos para nós mesmos, para os outros e até para Deus? Para que o indivíduo possa se ver livre de uma vez por todas do vício do engano e da mentira, é preciso que ele reconheça, primeiro, que precisa de ajuda, e depois, que dê o primeiro passo. Embora cada caso seja um caso, e que ninguém é igual a ninguém – o que significa que tudo deve ser avaliado – algumas dicas podem ajudar.

Primeiro: a confiança, o respeito e a sinceridade são virtudes e qualidades que só podem ser conquistadas, mas jamais impostas. E leva tempo. Assim, quanto mais cedo o mentiroso se empenhar por deixar a mentira, melhor.
Segundo: uma vez conquistados a confiança, o respeito e a sinceridade, todo cuidado é pouco. Cada compromisso assumido deve ser cumprido.
Terceiro: deve-se tomar cuidado com as palavras. Assim como acontece com o peixe, acontece com o mentiroso: ambos morrem pela boca.
Por último: pequenos gestos fazem uma grande diferença. Não é da noite para dia que o mentiroso deixará de mentir. Ele deve falar a verdade e ser sincero nas pequenas coisas do dia a dia. Jamais deve esquecer que o hábito de uma pequena desculpa de hoje, pode se tornar o vício da mentira amanhã. É como Tiago certa vez afirmou: “..Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação.”(Tg. 5:12- NVI).  Talvez a oração que Davi certa vez fez seja de utilidade pra os mentirosos: “Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca…” (Sl. 141:3 – NVI). É bom lembrar o que diz os americanos: “Tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal”. Sua língua é sua arma. E às vezes o tiro sai pela culatra.

Um teste final
Agora esqueça o Polígrafo, os sensores e o fato de estar sendo observado, e seja sincero com os outros e consigo mesmo (pra não dizer, com Deus, claro) e mais calmo ainda: gostou do que leu? Não responda em voz alta. Seja qual for a resposta, se foi sincero consigo mesmo e comigo, já deu o primeiro passo. A mentira em sua vida agora está prestes a se tornar apenas coisa do passado. E o céu agora é mais que uma garantia. É uma certeza. Pois assim está escrito: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade…”(Salmo 15:1a). Seria bom também recordar do sábio conselho do sábio Salomão: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.(Prov. 18:21)

Fonte: Lagoinha

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