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Gospel

Declínio da Igreja Renascer é capa da Istoé desta semana

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A edição da revista Istoé desta semana traz como reportagem de capa a líder da Igreja Renascer em Cristo, bispa Sônia Hernandes.

A publicação fala sobre o declínio da instituição e da queda do número de fiéis devido aos vários processos na justiça. Segundo a reportagem, a líder evangélica enfrenta a decadência da Renascer em Cristo, que já fechou 70% dos templos, a doença do filho e sucessor natural, em coma há dois anos, e os processos na Justiça por formação de quadrilha e estelionato.

“É difícil pensar em alguém menos apropriado que a
bispa Sônia para escrever um livro intitulado ‘Vivendo de Bem com a
Vida’.” A frase é de um ex-bispo que foi do alto escalão da Igreja
Renascer em Cristo por mais de uma década e sintetiza o momento da instituição
neopentecostal brasileira liderada pelo casal Sônia, 52 anos, e Estevam
Hernandes, 57.

Mas como uma neopentecostal de envergadura internacional,
que trouxe eventos gigantescos ao País, como a Marcha para Jesus, capaz de
arregimentar 3,5 milhões de pessoas na capital paulista num único dia, e criou
marcas de imenso sucesso como o Renascer Praise – o maior show de música gospel
do Brasil, com mais de 15 edições –, entrou numa espiral descendente e,
aparentemente, irreversível, de prestígio e credibilidade? Por que uma líder
tão carismática como Sônia Hernandes perdeu apelo tão rápido? Dois eventos,
próximos um do outro, desencadearam a derrocada da instituição. O primeiro
começou na madrugada do dia 14 de janeiro de 2007, uma terça-feira. A caminho
de Miami, nos Estados Unidos, Sônia, Estevam, dois filhos e três netos
embarcaram na primeira classe de um voo levando US$ 56.467 em dinheiro. Ao
pousar, tentaram passar pela alfândega americana sem declarar o valor. Foram
pegos, presos, admitiram a culpa e cumpriram pena de reclusão em regime fechado
e semi-aberto. Na época veio a público a informação de que parte da quantia foi
encontrada dentro de uma “Bíblia”.

Pouco depois, enquanto o casal ainda cumpria pena nos
Estados Unidos, veio o segundo baque. Em 18 de janeiro de 2009 o telhado da
sede da Renascer, na avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, área central de
São Paulo, desabou. 

Em agosto de 2009,
o filho do casal, Felippe Daniel Hernandes, mais conhecido como Tid, precisou fazer uma operação para reparar uma
cirurgia de redução de estômago malsucedida. Durante o procedimento, ele teve
uma parada cardiorrespiratória que causou um edema cerebral, comprometendo o
funcionamento do órgão e, para todos os efeitos, interditando Tid, que passou a
viver em estado vegetativo. A fatalidade, terrível para qualquer família, foi
ainda pior para os Hernandes, que tinham no filho um sucessor natural preparado
para assumir a Renascer quando Sônia e Estevam se aposentassem.

Foi também em 2010 que a igreja perdeu seu garoto-propaganda
e principal dizimista, o jogador de futebol Kaká. Com a mulher, Caroline
Celico, eles formavam uma dupla que fortalecia e divulgava a Renascer no Brasil
e no mundo. O casal Hernandes não comenta a saída, muito menos o atleta do Real
Madrid. Apenas Caroline arrisca alguns comentários enviesados. “Confiei no que
me falavam. Parei de buscar as respostas de Deus para mim e comecei a andar de
acordo com a interpretação dos homens”, escreveu ela em seu blog. O mau uso do
dízimo pago pelo craque, que sabia do fechamento de templos e da fuga de
lideranças, teria motivado o rompimento com a igreja. Foi um baque financeiro e
tanto. Kaká é o sexto jogador mais bem pago do mundo e, estima-se, depositava
nas contas da Renascer 10% dos R$ 21 milhões anuais que recebia.

No fim, quem mais sofre é o fiel. Sua religiosidade acaba
envolvida, marginal e injustamente, em questões pouco sagradas. Os evangélicos
têm todo o direito de pagar o dízimo e as igrejas de recolhê-lo. O problema é
quando o dinheiro desaparece dos templos para reaparecer em forma de ternos,
sapatos, brincos e anéis de lideranças pouco comprometidas com a fé. “Estamos
nos trâmites finais do processo, em primeira instância, que acusa tanto Estevam
quanto Sônia por dissimulação de patrimônio, também conhecida como lavagem de
dinheiro”, diz o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial Contra o
Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco-SP), Arthur Lemos
Júnior. O casal costuma atribuir as acusações à perseguição ou à ação de forças
malignas. Até meados dos anos 2000 esse discurso tinha algum efeito. Hoje,
porém, as coisas mudaram. “A Renascer nunca mais será o que foi”, sentencia
Romeiro. Será difícil honrar seu nome de batismo.

Leia a reportagem da Istoé na íntegra, clique aqui

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