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Minas Gerais

Roni Peixoto, considerado o maior traficante de Minas, troca o tráfico pela igreja: “Eu sirvo um Deus Vivo”

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Roni Peixoto – Foto: Reprodução

Roni Peixoto, de 49 anos, foi condenado a 35 anos de prisão por tráfico de drogas em Minas Gerais. Considerado o maior traficante do estado e, inclusive, apontado como o braço direito do Fernandinho Beira-Mar, testemunhou que trocou o tráfico pela igreja. Em entrevista a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, o ex-traficante contou sobre a vida que leva, pós prisão.

Roni contou seu testemunho a à rádio na Igreja Evangélica Templo dos Milagres, em Santa Luzia, na região metropolitana de BH. Ele falou sobre a sua conversão e o dia que sentiu que deveria mudar de vida.

“Eu me converti tem um ano e poucos na Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves [na Região Metropolitana de Belo Horizonte] e ali foi onde Deus começou a tocar no meu coração para eu estar mudando minha vida. E começou a acontecer certas coisas comigo lá dentro, tudo sobrenatural. Em setembro de 1997, na cadeia, dois agentes penitenciários me deram uns ‘bofetão'”, disse ele.

Após esse acontecimento, Roni conta que sentiu o espírito de Deus lhe tocar e resolveu mudar de vida.

“Naquele dia, todas as lágrimas que estavam escondidas, derramaram. Creio que foi o Espírito Santo que ponderou de mim naquele momento. De repente vi que minha vida ali tinha que começar a mudar”, conta.

Roni revela que, após sair da prisão, se encontrou com seu maior inimigo à época no mundo do crime. O encontro marcou o perdão entre os dois, além disso, ambos se entregaram suas vidas à Jesus.

“Nós tínhamos uma guerra travada na Pedreira [Favela de BH], hoje ele é meu irmão. Eu odiava ele e ele me odiava. Hoje eu amo ele e ele me ama. Nós fazemos parte da mesma igreja. Para eu encontrar com ele, eu tinha que estar com um 10 homens fortemente armados e ele também. Um dia eu falei com ele que queria ele como meu pastor. Dias depois ele me chamou para ir em um encontro [com Jesus] e lá fui batizado”, disse Roni.

Ele revelou que no momento não está trabalhando, mas, os fiéis da igreja onde ele congrega lhe ajuda como pode, inclusive seu ex-inimigo.

Roni Peixoto afirma não ter medo do seu passado, porque hoje é uma nova pessoa. Além disso, ele conta que não voltará para a mundo do crime.

“Eu não temo minha vida porque eu sirvo um Deus Vivo. Quem tem inimigos é satanás, Deus não tem inimigos. E eu não tenho medo. Quanto aos inimigos que deixei, eu não trago perigos para eles, então eu creio no Deus que eu sirvo. Eu só vou morrer se Deus permitir”, conta Roni.

“A minha oração de todos os dias: Eu peço pra Deus que se um dia, porque Deus sabe de todas as coisas que vaia acontecer, se algum dia Ele ver que eu vou me desviar de sua presença, que eu vou retroceder, que Ele me recolhe antes, pois eu não aguento mais sofrer. Nunca mais eu não vou voltar. Muitos estão apostando que irei voltar [Para o mundo do crime], mas vão perder essa aposta. Não tem chances”, disse ele.

Sobre Roni Peixoto

Quando preso pela primeira vez, em fevereiro de 1995, Roni Peixoto, hoje com 49 anos, chegou a ser considerado braço direito de um dos maiores traficantes do país, Fernandinho Beira-Mar. Em setembro de 2003, Peixoto conseguiu direito ao livramento condicional.

Na ocasião, ao deixar a cadeia, o ex-traficante foi recebido pela comunidade da Pedreira Prado Lopes, seu principal reduto, com um grande churrasco, mas o clima de festa durou pouco. Dois meses depois, Roni teve prisão provisória decretada pela Justiça, sendo novamente detido e levado para a Penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas.

Roni atuava em toda a Região Metropolitana da capital mineira, mas principalmente na favela Pedreira Prado Lopes, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Ele já foi preso por homicídio, posse e porte ilegal de arma de fogo, formação de quadrilha e tráfico de drogas e era tido como um dos líderes do Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro, em Minas Gerais.

Em 2019, Peixoto foi solto, após conseguir progressão da pena. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o ex-traficante já cumpriu mais de 24 anos de regime fechado, de uma pena total de 35 anos e, por isso, teve direito à progressão, garantida pela lei de execução penal.

 

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