Minas Gerais
A dengue avança em Minas Gerais, acompanhando o crescimento
Balanço divulgado ontem mostra aumento do número de notificações no estado. Ações preventivas, como mutirões, são intensificadas na Região Metropolitana de BH
Por:Luciana Melo
A dengue avança em Minas Gerais, acompanhando o crescimento já identificado em Belo Horizonte. Em uma semana, com atualização dos dados, os números cresceram 28,5% no estado, saltando de 7.302 para 9.385 casos (veja quadro). A forma hemorrágica já matou duas pessoas, sendo que uma delas contraiu a doença no Rio de Janeiro. Um paciente também morreu por complicações causadas pela enfermidade.
Na avaliação do consultor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Francisco Lemos, a situação está dentro da normalidade para esta época do ano. No mesmo período do ano passado eram mais de 18 mil notificações, quase o triplo. “Não vivemos uma epidemia. Mantemos o alerta porque temos vetor e circulação do vírus 3, com muitas pessoas suscetíveis ainda”, afirma.
Para combater o surto identificado na Região Nordeste de Belo Horizonte, com 70% dos registros da capital, agentes comunitários de saúde, zoonose, limpeza urbana e vigilância sanitária atuaram, ontem, em um mutirão nos bairros Cachoeirinha, Palmares e Santa Cruz. Foram vistoriados 20 mil imóveis e alguns locais foram interditados pelos representantes da Prefeitura de Belo Horizonte.
Na última mobilização, 39 mil toneladas de lixo foram recolhidas, o que significa que milhares de reservatórios que servem para abrigar as larvas do Aedes aegypti foram retirados do meio ambiente. A Região Nordeste tem 651 registros de dengue. Os centros de saúde já estão sobrecarregados com o aumento da demanda e foi pedido um reforço no efetivo de auxiliares de enfermagem e de laboratórios na Unidade de Pronto Atendimento Nordeste.
Segundo a gerente do Distrito Sanitário Nordeste, Rejane Ferreira Reis Santos, a área concentra muitos depósitos de ferro-velho, borracharias e oficinas que são considerados pontos estratégicos no combate à doença. “Enfrentamos muita resistência por parte dos proprietários para a retirada de objetos que servem como focos para o mosquito. Precisamos de maior empenho por parte da comunidade para eliminar esses criadouros do vetor”, diz Rejane.
Durante o mutirão de ontem, um ferro-velho na Avenida Cachoeirinha, 899, no Bairro Santa Cruz, foi interditado pela Vigilância Sanitária. Os agentes encontraram garrafas cheias de água na área externa, tampa inadequada na caixa-d’água e alegaram ter dificuldade de fazer vistorias no local. A proprietária, Vanesa de Almeida, afirma que recebeu a visita de agentes de zoonose, em fevereiro. “Fui autuada para corrigir os problemas em 24 horas e eles não retornaram e apenas mandaram uma multa de R$ 4 mil. A fiscal que esteve aqui foi muito agressiva e admito que discuti com ela, mas não acho que eles têm direito de me multar sem ao menos verificar se me adequei às exigências”, reclama.
De acordo com a gerente do distrito, o estabelecimento tem focos do mosquito e a propriedade foi punida por desacato ao fiscal sanitário. “A proprietária mantém tambores a céu aberto, contêineres e caixa d’água aberta, e tem dificultado a ação da zoonose”, afirma a gerente do Distrito Sanitário Nordeste.
O dono da garagem de ônibus, Kenedy Alves de Santana, na Rua Padre Felipe da Silva, recebeu os profissionais do mutirão. “Eles pediram que eu retirasse as duas carcaças de Fusca que estão no meu estabelecimento. Elas devem ser devolvidas aos proprietários em breve. Também ficou definido que eu vou cuidar da rua, já que conheço muitas pessoas e faço transporte escolar. Se identificar a presença de algum foco por aqui e houver dificuldade em removê-lo vou acionar a zoonose”, disse.
Fonte: Jornal Estado de Minas
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