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Fatos e versões da morte de Isabella

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Foto: Robson Ventura/Folha Imagem

Por que uma menina de apenas 5 anos foi assassinada tão brutalmente? Ela foi jogada do sexto andar ou deixada no chão? Morreu da queda ou de asfixia? O repórter Valmir Salaro confronta os fatos e versões desse mistério.

O sexto andar do prédio guarda um mistério: quem matou a menina Isabella, de 5 anos? E por quê? Há uma semana, peritos e legistas tentam esclarecer uma série de dúvidas:

– A morte de Isabella foi provocada por asfixia ou pelo impacto da queda?
– Se a menina foi deixada pelo pai no quarto dela, por que teria sido jogada do quarto dos irmãos?
– O pai disse que deixou a porta trancada. Alguém entrou no apartamento? Quem? E como?

Essa intrigante tragédia familiar desafia a polícia de São Paulo. Entre os principais ferimentos encontrados no corpo de Isabella estão marcas na nuca, um sinal de que pode ter havido tentativa de estrangulamento.

Durante a semana, o pai da menina, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Ana Carolina Jatobá, passaram de simples averiguados para suspeitos.

“Não há indiciamento formal de nenhum deles. É importante que isso fique bem claro. Toda cautela foi adotada não só pela Polícia Civil, como pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário”, explica o promotor de Justiça Francisco Cembranelli.

A primeira versão de Alexandre Nardoni foi contada aos policiais, que registraram boletim de ocorrência como tentativa de assalto.

Na volta para a casa, Alexandre estaciona o veículo na garagem e sobe com Isabella no colo. Enquanto isso, a mulher fica no carro com os dois filhos do casal, um de 3 anos e outro de 10 meses.

Alexandre acende a luz do abajur do quarto dela e deixa a menina dormindo. Depois, tranca a porta do apartamento e volta à garagem para ajudar a mulher, com os filhos pequenos.

Segundo o pai, ao entrar em casa com Ana Carolina e as outras crianças, a luz do quarto de Isabella estava acesa. Em seguida, o casal nota a rede de proteção da janela cortada, no quarto dos meninos. Encontra vestígios de sangue sobre o lençol.

Da janela, vê o corpo de Isabella no jardim do prédio. O boletim de ocorrência menciona sangue também na rede de proteção.

Segundo as investigações, depois da morte da filha, Alexandre foi ao apartamento da irmã, que fica ao lado do dele, tomar banho e trocar de roupa. Para a polícia e para o promotor que investiga o caso, há contradições entre a primeira versão de Alexandre, que consta do boletim de ocorrência, e os depoimentos prestados depois por ele, pela mulher e por testemunhas.

O pai afirma que um homem entrou no apartamento e jogou sua filha pela janela.

“Ele me disse que viu uma pessoa dentro do apartamento que havia arremessado a filha pela janela”, conta o sargento da PM Luiz Carvalho.

“Ele não viu uma pessoa lá. O que ele imagina é que alguém entrou ali dentro e cometeu esse crime. Ele pediu pra que houvesse uma busca no prédio para que , se possível, localizasse essa pessoa”, afirma Marco Pólo Levorin, advogado de defesa do casal.

A polícia já afastou a possibilidade de assalto. Nada foi roubado do apartamento. Se um criminoso entrou lá, como chegou a alegar o pai, foi com uma única intenção: matar a menina.

Segundo o Ministério Público, o pai afirma que foi sozinho com Isabella até o apartamento. Testemunhas dizem que viram a família toda subir no elevador.

“Existem testemunhas, que ainda serão ouvidas, que divergem em relação a essa subida ao apartamento”, diz o promotor.

Os advogados de Alexandre e Ana Carolina Jatobá criticam o fato de a Justiça ter decretado a prisão temporária por 30 dias, sem uma prova concreta contra os dois.

“Ele se diz inocente dos fatos e está aguardando a realização de todas as provas, que é o que a defesa espera”, argumenta o advogado.

A polícia e o Ministério Público querem fazer a reconstituição do caso e ouvir o pai e a madrasta de Isabella separadamente. Se houver divergências nesses depoimentos, Alexandre e Ana Carolina vão ter que ficar frente a frente, para esclarecer todas as dúvidas.

Fonte: Globo.com

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