Minas Gerais
Caso Backer: Funcionários da cervejaria são ouvidos no último dia de interrogatório dos réus
Contaminação de cervejas da marca deixou dez pessoas mortas. Réus estão sendo ouvidos pela Justiça nesta semana, em Belo Horizonte.
Nesta quinta-feira (30/10), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, três funcionários da Backer e um representante da empresa fornecedora de monoetilenoglicol prestaram depoimento no terceiro e último dia de interrogatórios no processo que investiga a contaminação das cervejas da marca, que resultou na morte de dez pessoas.
Os primeiros a serem ouvidos foram Sandro Luiz Pinto Duarte e Álvaro Soares Roberti, responsáveis técnicos da Backer. Roberti, supervisor da produção no período noturno, expressou sua visão, chamando o ocorrido de “fatalidade” e atribuindo o problema a fatores imprevisíveis e sem precedentes.
Gilberto Lucas de Oliveira, coordenador de manutenção e envase, esclareceu sua função específica na área de envase e rotulagem, excluindo sua participação na produção da cerveja. Os três funcionários foram denunciados por homicídio culposo, lesão corporal culposa, e por fabricar ou vender substância alimentícia adulterada.
No encerramento dos depoimentos, Charles Guilherme da Silva, ex-funcionário da empresa fornecedora de monoetilenoglicol para Backer, reiterou sua alegação de que a substância era enviada com rótulo adulterado, sem conhecimento da cervejaria. Silva, anteriormente denunciado por falso testemunho, detalhou a troca de rótulos que presenciou e realizou, afirmando que questionou seu supervisor sobre a prática.
Todos os dez réus foram ouvidos ao longo desta semana, marcando uma etapa crucial no processo. A Justiça abrirá prazo para as alegações finais do Ministério Público e das defesas, que serão apresentadas por escrito. Após essa fase, o processo estará pronto para análise e sentença.
Relembre o caso:
A contaminação das cervejas da Backer veio à tona em janeiro de 2020, quando a Polícia Civil iniciou investigações após várias pessoas serem hospitalizadas com sintomas de intoxicação pela Belorizontina. A investigação apontou que a contaminação ocorreu devido a um vazamento no tanque da fábrica.
Em setembro de 2020, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou 11 pessoas, incluindo os sócios-proprietários da cervejaria, por adquirirem deliberadamente o monoetilenoglicol, impróprio para uso na indústria alimentícia. Sete engenheiros e técnicos envolvidos na fabricação da bebida também foram denunciados por agirem com dolo eventual ao produzirem a bebida sabendo do risco de adulteração.
O processo tem como réus Ana Paula Silva Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos, Munir Franco Khalil Lebbos, Ramon Ramos de Almeida Silva, Sandro Luiz Pinto Duarte, Christian Freire Brandt, Adenilson Rezende de Freitas, Álvaro Soares Roberti, Gilberto Lucas de Oliveira, e Charles Guilherme da Silva, este último acusado pelo crime de falso testemunho.
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