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Sobre a Bíblia, Fábio Porchat diz que: “Quanto mais lê, mais ateu fica”

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Humorista Fábio Porchat

Humorista Fábio Porchat – Foto Reprodução

O humorista Fábio Porchat, concedeu entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura. Na edição antevéspera de Natal do programa Porchat, que é ateu, aproveitou a data para alfinetar cristãos dizendo que a leitura da Bíblia leva à incredulidade.

Porchat, que é mais uma vez intérprete de Jesus no especial de Natal do Porta dos Fundos, “Teocracia em Vertigem”, não enxerga veracidade na escritura sagrada. “Quanto mais a gente lê a Bíblia, mais ateu a gente é”, declarou.

Ele declarou que seu processo de pesquisa sobre o cristianismo é sempre pelo viés do ateísmo, e que a partir disso cria os textos dos especiais de Natal do grupo de humor, demonstrando o desprezo de alguém sem fé pelos dogmas religiosos.

“Não dá para a gente acreditar naquilo que está escrito literalmente. Aquilo são parábolas muito bonitas, ideias muito bacanas para a gente lidar com a sociedade, lidar com os outros e as adversidades”, disse Porchat.

“Eu sempre me interessei muito por religião, qualquer uma delas, as histórias são muito ricas. E para escrever esse especial eu li os quatro evangelistas, porque cada um conta uma versão, para ter um olhar de fora. eu não acredito [na Bíblia], eu olho como qualquer outra pessoa que teria uma reação normal. Eu analiso, leio a Bíblia para tentar transformar aquilo em um olhar não-crente”, explicou.

Após a declaração, o nome do humorista ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. Ele também fez questão de enfatizar que chegou a essa conclusão durante a pesquisa para o roteiro do filme humorístico.

Fábio Porchat é ateu assumido, e deu a sua versão sobre quem ele acredita que Jesus seja. Para ele, Cristo é uma figura bem diferente do que é narrado nas Escrituras Sagradas.

“Jesus volta o tempo todo, mas não deixam ele crescer. Jesus é Emily, criança que morreu baleada, é João Hélio [arrastado pelo carro em movimento, após um assalto], todas as pessoas que tentam voltar e são assassinadas”, explicou ele.

Ouça a fala do humorista abaixo:

Teocracia em Vertigem

Em 2019, o especial de natal “A primeira tentação de Cristo” gerou grande fúria entre os cristãos. Pois foi sugestionada a homossexualidade do personagem Jesus. Na época quem fez a interpretação, foi Gregorio Duvivier. E assim sofreram um atentado à produtora do grupo na véspera de natal.

Para 2020, os humoristas apostaram em um episódio com um arsenal mais modesto sobre costumes. Mas também com referências à política nacional. A começar pelo nome: “Teocracia em vertigem”; em inspiração no documentário indicado ao Oscar “Democracia em vertigem”, de Petra Costa.

O especial volta ao YouTube após dois anos sendo exibido pela Netflix. Aliás, em acordo com a Netflix, o Porta dos Fundos assegurou os direitos de exibição de “Se beber, não ceie” (2018), além do especial de natal de 2019. Em 2021 os dois episódios também estarão disponíveis no canal do Porta dos Fundos no YouTube.

“Acredito que a reação com o ‘Teocracia em vertigem’ não será tão explosiva quanto a gerada pelo especial do ano passado. Vivemos num país que aceita a cultura da corrupção e da rachadinha, mas se revolta com dois homens que se relacionam”, critica Antonio Tabet, que dá vida ao centurião Peçanhus.

Além disso, quem assina o roteiro é Fábio Porchat. Mas com a pandemia, surgiu a ideia do episódio rodar em formato de documentário. Cenas em estilo “talking heads”, isto é, pessoas de modo isolado dando depoimentos. Portanto, apenas algumas cenas gravadas sob todos os protocolos sanitários.

Consultoria com pastores e rapper

Antes de chegar a conclusão do roteiro final, Porchat o enviou para alguns pastores evangélicos. Como por exemplo, Henrique Vieira e Caio Fábio. Logo após, houve uma consultoria com o rapper Emicida. Que lhe enviou nomes de alguns rappers para que pudesse se inspirar.

Na sequência, Porchat apresenta um número musical de hip hop em que Jesus Cristo diz que não vai voltar. Com a explicação de que já veio à Terra três vezes (como mulher, negro e travesti), e sendo assim assassinado em todas as ocasiões.

Durante o musical de Jesus é exibida a cena real da câmera de segurança que mostra o momento do ataque que receberam em 2019. Aliás, durante o musical há outras provocações sobre o atentado. Em certo momento, um personagem cogita que Jesus esteja refugiado na Rússia. O que faz ligação ao principal suspeito do ataque que viajou para o país cinco dias depois.

Porchat diz que devorou o Novo Testamento para criar a sua trama. Já Duvivier cita como sua referência “Zelota: a vida e a época de Jesus de Nazaré”. Que retrata Jesus como uma figura mais humana, com contradições, falhas e virtudes. Para Gregorio Duvivier, um dos méritos de “Teocracia em vertigem” é inserir Jesus Cristo em um contexto de perseguição política.

Especial de Natal

Fábio Porchat como Jesus Cristo no Especial de Natal – Foto Divulgação

 

 


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